O processo de designação dos candidatos às presidenciais dos Estados Unidos começa hoje esta segunda-feira, com o "caucus" do Iowa, uma votação que nada antecipará de definitivo.
Do lado do Partido Democrata, Hillary Clinton lidera as intenções de voto, com o independente Bernie Sanders a uma distância inferior à margem de erro dos estudos de opinião. "Não está nada assegurado que ela [Hillary] esteja à frente", adverte a especialista em política internacional Lívia Franco, em declarações à Renascença.
A proximidade entre os dois candidatos democratas decorre das "inclinações, gostos e desgostos do próprio eleitorado", num processo de escolha que evidencia um quadro de divisão na sociedade norte-americana. "E é por isso que é tão difícil que as máquinas dos candidatos trabalhem para alterar essas margens", sublinha a especialista da Universidade Católica, apontando "a personalidade única" e a "agenda radical" do senador do Vermont Sanders com o "curriculum invejável" da antiga Primeira Dama.
Trump substimado...
Do lado republicano, o "caucus" do Iowa deverá confirmar o controverso Donald Trump à frente do senador Ted Cruz.
Na opinião de Tiago Moreira de Sá, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI), o lado mais folclórico do multimilionário que aspira chegar à Casa Branca estará a desviar as atenções das propostas com que se apresenta aos eleitores.
"Acho que as pessoas estão a subestimar o Donald Trump, mas ele é um candidato muito forte, não só do ponto de vista das primárias republicanas, mas também na eleição presidencial, logo a seguir", sustenta.
Tiago Moreira de Sá argumenta que aquilo que Trump promete "é, não só restituir às classes médias o seu poder de compra, mas também travar a fuga dos negócios dos Estados Unidos para a China - através de medidas proteccionistas - e, já agora, garante a manutenção do pagamento das pensões e garante empregos". Trata-se, sustenta o especialista do IPRI, de propostas mais sérias "que vão para além das declarações racistas e xenófobas e que têm um forte impacto na sociedade norte-americana".
... mas em dificuldades nos estados populosos
A grande desvantagem do multimilionário republicano será a escassa popularidade nos estados que elegem maior número de delegados à convenção republicana. "Califórnia, Nova Iorque, Texas e Florida não lhe são muito favoráveis", diz Moreira de Sá.
Neste momento, Donald Trump "lidera nos estados mais pequenos, como o Iowa, New Hampshire, Carolina do Sul e Nevada", que são os primeiros a votar. "Geralmente, quem começa por ganhar as eleições iniciais, cria uma espécie de dinâmica de vitória que acaba por contagiar os caucus dos estados seguintes", remata o especialista do IPRI.