O Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa pediu esta quarta-feira ao presidente do executivo, Carlos Moedas (PSD), que as obras na ciclovia da Avenida Almirante Reis "não avancem" até ser discutida a proposta de apresentação de um projeto de alteração fundamentado.
"A ciclovia da Almirante Reis foi retirada hoje, agora, esta noite, há um troço que foi retirado, a sinalética foi retirada, foi arrancada do chão, uma zona grande na Alameda esta noite mesmo", afirmou o vereador único do BE, Ricardo Moreira, em substituição de Beatriz Gomes Dias, na reunião pública do executivo camarário.
Ricardo Moreira manifestou-se "bastante desiludido" com Carlos Moedas, porque houve o compromisso de agendar, para a próxima reunião do executivo, na segunda-feira, a proposta do BE, do Livre e da vereadora independente do Cidadãos por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre), que sugere que "antes de qualquer alteração na configuração do perfil da avenida" seja apresentado o projeto de alteração fundamentado para a ciclovia da Almirante Reis, abrindo "um período de recolha de contributos de não menos 30 dias".
"Não há nenhuma consulta pública sobre um facto consumado. Se as obras já avançaram, se há uma parte da ciclovia que já foi arrancada", avisou o vereador do BE, considerando que "não é assim que se fazem consensos", pedindo que "as obras não avancem até ter essa discussão feita".
Em resposta, Carlos Moedas disse desconhecer o avanço das obras, mas afirmou que "houve todo um trabalho feito em relação à Almirante Reis", em que foi decidido retirar metade da ciclovia após ouvir as pessoas, ressalvando que tal "não impede" a discussão da proposta para consulta pública.
"Se a vossa proposta é parar tudo o que se está a fazer, que é o bloquei que o senhor vereador está a preparar para fazer, nós bloquearemos, bloquearemos quando votarem esse bloqueio", declarou o presidente da câmara, afirmando que até lá não pode parar de gerir a cidade.
Após pedir informações aos seus assessores, o autarca do PSD indicou que "estão a fazer ensaios, não estão a retirar nenhuma ciclovia neste momento", assumindo a responsabilidade pelas intervenções em curso na Avenida Almirante Reis.
O vereador do Livre, Rui Tavares, considerou que o avançar das obras antes da votação da proposta para consulta pública do projeto para Almirante Reis pode estar dentro da legalidade, mas demonstra "falta de respeito".
No decorrer da reunião, a vereadora independente Paula Marques reiterou o pedido para acesso à informação sobre os estudos desenvolvidos para as alterações na ciclovia da Almirante Reis.
O vereador do BE disse ainda que a decisão tomada por Carlos Moedas para a ciclovia da Almirante Reis "é contrária" ao defendido pelo cidadãos nas três sessões públicas, lembrando a existência de uma carta aberta "Almirante Reis, isto não foi um processo participativo", em que os subscritores referem que a alteração da ciclovia proposta pelo executivo "agrava seriamente a segurança dos utilizadores de bicicleta e a funcionalidade da ciclovia, sendo uma alternativa significativamente pior e menos coerente do que a ciclovia presentemente existente, o que se irá traduzir no desincentivo à sua utilização".
No final de março, o presidente da Câmara de Lisboa disse que a solução imediata para Avenida Almirante Reis passa por "acabar com metade da ciclovia", ressalvando que a longo prazo deve existir um projeto de reperfilamento da artéria.
"O que vamos fazer no imediato? Retirar a ciclovia do sentido ascendente e colocar duas faixas para automóveis. Colocar toda a ciclovia no sentido descendente. O que é que isto vai permitir? Que o trânsito escoe da cidade com maior fluxo e permite também que todos os utilizadores da ciclovia continuem a percorrer a avenida", anunciou Carlos Moedas, numa publicação na rede social "Twitter",.