“Já imolaram o chefe”. Major General critica ministro da Defesa por "falta de bom senso"
18-10-2018 - 13:37
 • Ana Rodrigues

A demissão do general Rovisco Duarte era esperada, mas o momento escolhido pelo novo ministro da Defesa está a ser muito criticado pelos militares, que acusam Gomes Cravinho de falta de respeito.

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Rovisco Duarte, o Chefe do Estado-Maior do Exército que se demitiu na quarta-feira, geriu mal o caso de Tancos, mas não merecia ter acabado assim. É o que dizem fontes militares contactadas pela Renascença.

Há mesmo quem diga que foi o preço que pagou “por ter confiado nos políticos”, que “o deixaram cair, quando saiu Azeredo Lopes, o ministro que o estava a segurar”.

Um dos críticos da decisão do ministro João Gomes Cravinho é o major general Raúl Cunha, antigo comandante da Brigada de Reação Rápida do Exército.

Na opinião deste militar na reserva, “deveria ter havido, por parte do ministro da Defesa, alguma contenção e bom senso no momento que escolheu para demitir Rovisco Duarte”.

“Revelou falta de bom senso e desconhecimento ao não ter esperado pelas comemorações do Dia do Exército”, atitude que Raúl Cunha diz ser “quase uma ofensa para os militares”.

Rovisco Duarte sai da chefia do Exército com a imagem desgastada devido ao caso de Tancos, mas o major general acredita que “a pressão não será aliviada por causa do acirramento da oposição”.

Revoltado com a forma como as coisas aconteceram, este militar na reserva diz que as Forças Armadas já merecem alguma tranquilidade, até porque “já imolaram o chefe; já têm o sangue que queriam”.

Algumas fontes contactadas pela Renascença realçam ainda a maneira “humilhante” como o general Rovisco Duarte sai do Exército é bem notória, até na nota que anuncia a demissão no site da Presidência da República, que troca o nome ao ex-Chefe do Estado-Maior do Exército: em vez de Frederico, chama-lhe Francisco Rovisco Duarte. A nota foi, entretanto (nesta quinta-feira), corrigida.

Quanto ao sucessor, Raúl Cunha refere que a melhor opção seria o atual vice-chefe do Estado-Maior, o general Campos Serafino, mais antigo na hierarquia e aquele que pode unir o ramo.

No entanto, o militar não acredita que esta seja a escolha do Governo, tendo em conta que o seu nome surgiu nas escutas ao caso de Tancos. O seu palpite vai, por isso, para Rui Clero, atual comandante operacional da GNR, mas há também quem diga que o general Guerra Pereira, comandante das Forças Terrestres, seria uma boa escolha.