O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, José Robalo, garantiu, esta quarta-feira, no parlamento, que garantiu sempre a presença de médicos no Lar de Reguengos de Monsaraz, onde morrem 18 pessoas vítimas da Covid 19.
José Robalo explicou aos deputados que “os médicos do centro de saúde de Reguengos nunca alegaram falta de condições para trabalhar no lar. Eles contestavam a decisão alegando o acordo coletivo de trabalho, que diz que o médico presta serviço no estabelecimento identificado no contrato de trabalho” referiu o presidente da ARS do Alentejo.
Para ultrapassar este diferendo, Robalo fez um documento individual para cada um deles dizendo que tinham de se apresentar ao serviço. “E os médicos apresentaram-se no Lar, não houve qualquer processo disciplinar”, referiu.
Questionado pelos deputados da comissão de saúde, o presidente da ARS do Alentejo explicou que a partir do dia 27 de Junho e até ao dia 2 de Julho o Lar funcionava com um médico de medicina geral e familiar que trabalhava 12 horas, mais 4 enfermeiros, e durante 24 horas, estava no Lar um profissional das unidades hospitalares e um médico da Forças Armadas acompanhados de 2 enfermeiros que faziam turnos de 24 horas.
José Robalo diz que a partir do momento em que começaram a surgir os comunicados da Ordem dos Médicos e dos sindicatos, os médicos recusaram fazer o horário da noite que passou a ser garantido exclusivamente por um médico e dois enfermeiros das Forças Armadas.
Perante as dúvidas dos deputados o presidente da ARS do Alentejo começou logo por esclarecer que “não tenho competência para deslocar doentes, não posso encerar estabelecimentos de saúde e só posso mobilizar profissionais que são funcionários da ARS, isso é uma competência da Direção Geral da Saúde” explicou José Robalo.
O presidente da ARS reconheceu que no início do surto “ houve dificuldades porque muitos profissionais tiveram que abandonar o serviço e o lar não conseguiu repor esses trabalhadores o que afetou o funcionamento do lar”.
O surto de Covid 19 no lar de Reguengos foi detetado em 17 de junho, provocou 162 casos de infeção, 18 idosos morreram.
A Ordem dos Médicos fez uma auditoria interna onde denunciava as más condições no lar e onde não eram cumpridas as regras da DGS, um relatório que gerou muita polémica que envolveu o primeiro-ministro e até a união das misericórdias portuguesas que contestou a legitimidade da auditoria da Ordem dos Médicos.