A presidente da Cáritas pede celeridade na execução das medidas de proximidade anunciadas esta quinta-feira pela ministra do Trabalho e da Segurança Social, para responder às dificuldades das famílias vulneráveis.
Na cerimónia em que se assinalaram os 20 anos da Linha de Emergência Social, Ana Mendes Godinho referiu que, só este ano, a linha 144 recebeu 13 mil chamadas e respondeu a 19 mil pessoas, sendo que mais de um terço dos pedidos de ajuda dizem respeito as pessoas que perderam o alojamento por dificuldades financeiras, desemprego e conflitos familiares.
Para responder a estas situações, a ministra anunciou a aplicação de respostas sociais específicas para cada território, procurando dar uma resposta o mais personalizada possível a cada problema, através da criação de consórcios de instituições que disponibilizam respostas sociais, através de protocolos com a Segurança Social.
“Acredito que os problemas só se podem resolver na proximidade, porque ser pobre em Lisboa não é a mesma coisa que ser pobre noutras zonas do país”, diz à Renascença a presidente da Cáritas Portuguesa.
Rita Valadas diz que “há recursos em cada território que devem ser usados e majorados nesses territórios, assim como o diagnóstico tem de ser feito de acordo com esses recursos”.
Não há omeletes sem ovos
Rita Valadas diz “celebrar” a medida, mas avisa que o plano apresentado esta quinta-feira por Ana Mendes Godinho deve passar urgentemente do papel à prática.
“Se a senhora ministra estiver em condições de criar esta proximidade financeira à capacidade de capilaridade que as instituições têm, eu acho que podemos ter soluções muito interessantes. Porque, sem orçamento, não se faz omeletes sem ovos”, argumenta a responsável da Cáritas.
E o tempo é a chave para o sucesso da estratégia. Com o fim das moratórias de crédito, Rita Valadas não consegue adivinhar o que poderá acontecer, mas lembra que algumas famílias que aderiram a esta modalidade já tinham dificuldade em cumprir as suas obrigações financeiras antes da pandemia.
É a pensar nesses agregados que a presidente da Cáritas alerta que “não podemos dar tempo que não há para que tudo isto se operacionalize”.
O que acontece às pessoas enquanto se desenha estratégia?
Nestas declarações à Renascença, Rita Valadas lamenta, ainda, que estas respostas sociais anunciadas pela ministra da Segurança Social cheguem mais de um ano depois do país viver em pandemia.
“Mas ainda tenho esperança”, declara com otimismo, mas avisa que “precisamos é respostas porque a pior coisa que pode acontecer a uma família é baixar os braços, achar que não tem condições para ser parte da sua própria solução”.