A vacina desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e pela empresa de biotecnologia alemã BioNTech – e que já está a ser administrada há várias semanas no Reino Unido e noutros países – está a ser produzida em fábricas de vários locais do mundo. Uma delas é na Bélgica, na cidade de Puurs.
Daqui vão sair milhões de doses de vacinas anti-Covid para toda a União Europeia, após a aprovação para comercialização por parte da Agência Europeia do Medicamento. A Renascença foi até lá.
O parque industrial da Pfizer na localidade belga de Puurs é um dos maiores do mundo na produção de medicamentos e vacinas. É uma gigantesca unidade fabril devidamente vigiada que não é possível visitar. Distingue-se ao longe, da estrada, já que da sua planta despontam duas enormes turbinas eólicas que geram a energia "verde" necessária à produção.
Situado na Flandres, o sítio industrial da Pfizer fica a meia hora do porto de Antuérpia e do aeroporto de Bruxelas, à entrada da pequena cidade de Puurs.
Trata-se de uma localização estratégica próxima de alguns dos principais eixos rodoviários do país. O constante movimento de camiões de transporte de mercadorias de vários países da UE confirma a importância das vias que circundam Puurs.
A situação geográfica da localidade representa uma mais valia para as exportações, garante o autarca de Puurs, em entrevista à Renascença.
Koen Van den Heuvel destaca ainda outro trunfo: "a Pfizer em Puurs tem há muito tempo uma especialização em vacinas. Tem muita experiência. No ano passado, produziu mais de 400 milhões de doses de vacinas".
O "Silicon Valley" flamengo do setor farmacêutico
Neste gigantesco parque industrial da Pfizer trabalham mais de três mil pessoas. Entretanto, a produção de milhões de doses de vacinas anti-Covid levou a farmacêutica a criar novos empregos nas últimas semanas.
"No último mês, a Pfizer criou novos postos de trabalho. Houve muitas novas entrevistas para a produção da vacina da Covid. Para nós, isto é uma notícia muito boa. Nós já temos uma economia local bastante forte. A taxa de desemprego é de cerca de 3%. E para nós isto vai melhorar", explica Van den Heuvel.
No seu gabinete, onde tem recebido jornalistas de todo o mundo desde que a Pfizer/Puurs anunciou a produção da vacina, o autarca afirma que a região tem uma longa tradição na indústria farmacêutica. Trata-se de uma espécie de "Silicon Valley" do setor, que acolhe três gigantes mundiais e uma série de ‘startups’ flamengas.
Em 10 anos, a região duplicou o número de trabalhadores. Atualmente, o setor emprega cerca de 5.500 pessoas, grande parte a viver a menos de 10 quilómetros da fábrica.
Mas é a produção da vacina que vai ajudar o mundo combater a pandemia que deixa orgulhosos os cerca de 16 mil habitantes de Puurs. "Estamos muito contentes e muito orgulhosos. Sinto que todos os habitantes estão orgulhosos. Podemos dizer que vamos salvar o mundo. E com três mil empregados na fábrica da Pfizer em Puurs toda a gente conhece alguém que trabalha lá, seja na família, na vizinhança ou entre os amigos".
Uma prenda de Natal para o mundo
O líder da autarquia prevê que o movimento de camiões de transporte seja um desafio. Deverá aumentar nos próximos dias e semanas com o envio dos lotes para toda a Europa. Foi assim com o transporte das primeiras vacinas anti-Covid em direção ao Reino Unido.
Mas a região tem bons acessos, garante Van den Heuvel. Na área da segurança foram tomadas algumas medidas suplementares e a polícia estará atenta.
Koen Van den Heuvel acredita, por isso, que tudo correrá bem com o transporte da vacina produzida na sua localidade. Diz, com orgulho, que é uma de prenda de Natal de Puurs para o mundo.
"Podemos dizer que é uma prenda de Natal muito boa de parte de Puurs para o mundo, para a Europa e também para os ouvintes da vossa rádio em Portugal. Desejamos a todos um Feliz Natal e um bom Ano".