Michael Barnier, antigo negociador do Brexit, nomeado primeiro-ministro de França
05-09-2024 - 12:29
 • João Malheiro , Marta Pedreira Mixão

Macron recusou-se escolher um representante da coligação de esquerda que conseguiu mais deputados nas eleições legislativas antecipadas de julho.

Emmanuel Macron nomeou, esta quinta-feira, Michel Barnier como primeiro-ministro de França. O anúncio foi feito pela presidência francesa, através de um comunicado, depois de uma reunião entre Macron e Barnier no Palácio do Eliseu em Paris.

"O Presidente da República nomeou Michel Barnier primeiro-ministro. Encarregou-o de formar um governo de união ao serviço do país e dos franceses", refere um comunicado publicado na rede social X pelo gabinete do presidente francês.

"Esta nomeação surge na sequência de um ciclo de consultas sem precedentes durante o qual, em conformidade com o seu dever constitucional, o Presidente garantiu que o primeiro-ministro e o futuro Governo reuniriam as condições necessárias para ser tão estável quanto possível e para terem a oportunidade de reunir o maior apoio possível no Parlamento", refere a mesma nota.

Michael Barnier é uma figura do partido de centro-direita Os Republicanos ("Les Républicains" - LR) e destacou-se por ter sido o negociador da União Europeia com o Reino Unido, no acordo para o Brexit. Foi também deputado durante 15 anos (1978-1993) e foi ministro várias vezes.

Agora, terá agora de formar um governo num cenário parlamentar sem maiorias evidentes, depois de a ala centrista de Macron ter sofrido uma derrota pesada, ficando entre uma esquerda reforçada e uma extrema-direita que se manteve.

Macron provocou uma crise política na França ao antecipar as eleições legislativas, que estavam previstas para 2027, mas recusou-se a escolher um representante da Nova Frente Popular (NFP), a coligação de esquerda que venceu as eleições na segunda volta, ao eleger 193 deputados. Agora, 51 dias depois da demissão de Gabriel Attal do cargo de primeiro-ministro, Macron nomeou Michel Barnier para o cargo, pedindo-lhe a "formação de um governo de unidade ao serviço do país".

Michel Barnier, de 73 anos, torna-se o primeiro-ministro mais velho francês, sucedendo a Gabriel Attal, de 35 anos, o mais jovem.

Marine Le Pen já reagiu, garantindo que o Reagrupamento Nacional (RN), de extrema-direita, se recusa a integrar um governo liderado por Barnier.

Recorde-se que caso o Reagrupamento Nacional e a coligação de esquerda Nova Frente Popular apresentarem uma moção de censura contra Barnier, os dois blocos reúnem 335 votos, muito acima dos 289 necessários.

[Notícia atualizada às14h05]