O Papa Francisco pediu perdão, este sábado, aos líderes da Igreja Ortodoxa da Grécia pelos erros cometidos pela Igreja Católica e que contribuíram para a divisão entre os cristãos.
Francisco foi recebido em audiência privada pelo arcebispo da Igreja Ortodoxa da Grécia, esta tarde, e depois as duas comitivas juntaram-se para ouvir os líderes eclesiais a discursar.
O Papa aproveitou o seu discurso para promover a vontade de união entre cristãos. “Ações e opções que pouco ou nada têm a ver com Jesus e com o Evangelho, antes marcadas por sede de lucro e poder – com vergonha o reconheço, da parte da Igreja Católica –, fizeram murchar a comunhão. Deixamos, assim, que a fecundidade fosse comprometida pelas divisões.”
“A história tem o seu peso e, hoje, sinto a necessidade de renovar aqui o pedido de perdão a Deus e aos irmãos pelos erros cometidos por tantos católicos. Contudo enche-nos de grande conforto a certeza de que as nossas raízes são apostólicas e que a planta de Deus, não obstante os agravos do tempo, cresce e dá frutos no mesmo Espírito. E é uma graça reconhecer os frutos uns dos outros e, juntos, agradecer ao Senhor por isso”, disse Francisco.
A relação entre católicos e ortodoxos, formalmente separados desde 1054, é como as oliveiras que pontuam a paisagem dos países mediterrânicos, disse o Papa. “Olhando estas árvores que nos irmanam, penso nas raízes que compartilhamos: subterrâneas, estão escondidas, muitas vezes esquecidas, mas estão lá e tudo sustentam”, disse Francisco, acrescentando que “foi precisamente na cultura helénica que estas raízes, desenvolvidas a partir da semente do Evangelho, começaram a dar fruto abundante”.
“Em seguida, infelizmente, crescemos distantes. Venenos mundanos contaminaram-nos, a cizânia da suspeita aumentou a distância e deixamos de cultivar a comunhão”, lamentou Francisco.
Não tenhamos medo
A marcha rumo à plena comunhão exige coragem, acredita o Papa. “Não tenhamos medo uns dos outros, mas ajudemo-nos a adorar a Deus e a servir o próximo, sem fazer proselitismo e respeitando plenamente a liberdade alheia”
“Rezo para que o Espírito de caridade vença as nossas resistências e nos torne construtores de comunhão”, pede Francisco, perguntando “como se pode testemunhar ao mundo a concórdia do Evangelho se nós, cristãos, estivermos ainda separados? Como se pode anunciar o amor de Cristo que congrega os povos, se não estivermos unidos entre nós? Já muitos passos foram dados ao encontro uns dos outros. Invoquemos o Espírito de comunhão, para que nos incite a seguir pelos seus caminhos e ajude a fundar a comunhão, não em cálculos, estratégias e conveniências, mas no único modelo que devemos ter diante dos olhos: a Santíssima Trindade.”
Francisco invocou para esta sua intenção a ajuda de Deus. “Que Ele nos ajude a não ficar paralisados pelas coisas negativas e os preconceitos de outrora, mas a olhar a realidade com olhos novos. Então as tribulações do passado deixarão espaço para as consolações do presente, e seremos confortados pelos tesouros de graça que redescobriremos nos irmãos.”
O Papa segue deste encontro para outro, com os representantes da Igreja Católica na Grécia. Depois encontra-se com os jesuítas que trabalham no país.
O programa desta visita do Papa à Grécia prossegue no domingo com celebração da missa com a comunidade católica e uma visita a Lesbos, para se encontrar com refugiados e migrantes.