Crise no setor automóvel em Portugal. "O pior pode estar para vir", avisa João Cerejeira
13-12-2024 - 08:22
 • Teresa Almeida

A crise na Alemanha que afeta sobretudo o setor automóvel pode ser a justificação para as falências de fábricas de cabelagem no norte do pais. A explicação dada à Renascença pelo economista João Cerejeira.

A crise no setor automóvel pode piorar. O cenário é traçado à Renascença pelo economista João Cerejeira.

Em causa estão os encerramentos de fábricas em Valença, Arcos de Valdevez e, agora, Lousada, quase todas ligadas ao setor automóvel e que deixarão mais de mil trabalhadores no desemprego.

Para este membro do departamento de economia da Universidade do Minho, a culpa é da crise do setor automóvel na Alemanha e "o pior pode estar para vir", uma vez que se trata de "empresas que têm vindo a perder competitividade com o crescimento de marcas associadas aos carros elétricas".

"Preocupam mais os impactos a longo prazo, são empresas que vendem componentes para a área da combustão, estão mais dependentes da economia de combustão que começa a perder terreno”, acrescenta.

Menos complicada será, por agora, a crise no setor têxtil. João Cerejeira acredita que o pico da crise já tenha sido atingido.

Para o economista e professor, a crónica falta de mão de obra do setor vai permitir que os trabalhadores venham a ser absorvidos por empresas maiores e que continuam a resistir.

“Há uma crise também de mão de obra no setor têxtil. O que tem acontecido é uma deslocação da mão destas pequenas e medias empresas para essas maiores empresas”, explica.

"Do ponto de vista global, em termos de emprego, não haverá um grande impacto, pelo menos para já. Obviamente que, se a tendência se mantiver no futuro, vai acabar por afetar também essas grandes empresas."

Nas últimas semanas, foram mais de mil trabalhadores do Norte do país que cairam no desemprego. JJoão Cerejeira acredita que o número não terá, para já, grande impacto na taxa de desemprego em Portugal, precisamente porque muitos dos afetados acabam por ser readmitidos pelas empresas maiores.