Covid-19. Índia estende confinamento por mais duas semanas com medidas para zonas críticas
01-05-2020 - 18:27
 • Lusa

A terceira extensão do maior confinamento da história durará até 18 de maio. O segundo país com mais população do mundo regista 35 mil casos casos positivos e mais de 1.100 mortes pela covid-19.

Veja também:


O Governo da Índia ordenou a extensão do confinamento dos seus 1,3 mil milhões de habitantes até 18 de maio para conter o novo coronavírus, enquanto o país regista 35.043 casos positivos e 1.147 mortes pela covid-19.

A ordem emitida pelo Ministério do Interior avança, também, com novas diretrizes para regular as diferentes atividades nesse período de confinamento, com base nos níveis de risco de propagação entre os estados do país, que serão distinguidos como zonas vermelhas (zonas críticas), verde e laranja com "considerável relaxamento".

A terceira extensão do maior confinamento da história começará a contar a partir de 4 de maio, por mais duas semanas, contabilizando um total de 54 dias sob medidas excecionais devido à pandemia da covid-19.

O Ministério do Interior disse que os distritos identificados como "zonas vermelhas", classificação que tem em conta o número total de casos ativos, a taxa de duplicação e o alcance dos testes, permanecerão sob as medidas mais rigorosas de confinamento.

As áreas consideradas "verdes", onde nenhum caso positivo foi registado em pelo menos 21 dias, serão controladas com um regime diferente que permitirá um retorno parcial à normalidade, desde que sejam mantidas as medidas sanitárias e de segurança.

Na quarta-feira, a Índia ultrapassou oficialmente a barreira dos 1.000 óbitos associados à covid-19, registando cerca de 31.000 casos de infeção, números bem inferiores aos da Europa ou Estados Unidos da América e que estão a deixar os especializas perplexos.

Os peritos receavam um desastre sanitário no segundo país mais populoso do mundo (1.300 milhões de habitantes), onde o sistema de saúde é precário e os bairros de lata são imensos.

"Poderá acontecer que a trajetória indiana seja diferente por razões que não compreendemos. Não temos explicações" para explicar o fenómeno com certezas, disse à agência noticiosa France-Presse o indo-canadiano Prabhat Jha, da Universidade de Toronto.

Entre os potenciais fatores avançados, explicou, poderá estar a juventude da população, que resiste melhor ao tipo de vírus.

Os especialistas ressalvam também a imposição de um estrito confinamento nacional, iniciado em 25 de março, quando o país registava 600 casos e 10 óbitos.

A paragem das atividades económicas foi um golpe forte para os mais desfavorecidos e milhões de trabalhadores estão sem receber salário, havendo outros que têm de percorrer, a pé, dezenas e dezenas de quilómetros para se deslocarem para os locais de trabalho, uma vez que ou não há transportes ou não têm dinheiro para os pagar.

Sem a medida de confinamento, explicam os especialistas, a Índia poderia contar atualmente com 100 mil infetados.

No âmbito da decisão de prorrogar o período de confinamento até 18 de maio, o Governo da Índia explicou que as áreas mais sensíveis do país, onde se regista a propagação da covid-19, são designadas como "zonas de contenção" e distinguidas pelas cores vermelha e laranja.

Nessas áreas, os protocolos de vigilância serão intensificados, com o rastreio de contactos e visitas de casa em casa.

"Deverá garantir-se um estrito controlo do perímetro, para que não haja movimentação de pessoas dentro e fora destas zonas, exceto no caso de emergências médicas ou para manter o abastecimento de bens e serviços essenciais. Nenhuma outra atividade é permitida dentro zonas de contenção", afirmou o Ministério do Interior da Índia.

Em todo o país mantêm-se proibidas as viagens aéreas, ferroviárias e rodoviárias e continuam encerradas as escolas, faculdades e outras instituições de ensino, bem como hotéis, restaurantes e centros comerciais.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 233 mil mortos e infetou mais de 3,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Cerca de 987 mil doentes foram considerados curados.