A produção do Volkswagen T-Roc na fábrica da Auroeuropa, em Palmela, vai ser suspensa entre os dias 11 de setembro e 12 de novembro. Em causa, segundo a empresa do grupo Volkswagen, está “a falta de peças produzidas por um fornecedor na Eslovénia e que são essenciais à construção de motores”.
Face a este anúncio, Rogério Nogueira, da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, assume preocupações. “Estamos a falar em nove semanas no pior cenário, esperemos que seja menos. No entanto, não iremos produzir carros até que o problema esteja resolvido. Economicamente, para a fábrica e em termos de volume de produção, vai ser drástico", adianta à Renascença.
O responsável pela Comissão de Trabalhadores revela que a prioridade é garantir salários e reduzir ao máximo o impacto da medida durante o regime de lay-off. “Os menos culpados desta situação são os trabalhadores da empresa", relembra.
"Iremos fazer tudo para que esta paragem não tenha impacto nos rendimentos nem na vida dos trabalhadores. Penso que a empresa tem condições para garantir que isso aconteça, que os trabalhadores tenham a garantia de que recebem os seus salários na totalidade. Temos perto de cinco mil trabalhadores. Ao que parece nem todos vão ficar em lay-off, mas estamos a falar numa grande maioria, seguramente mais de metade".
Cerca de dez mil trabalhadores podem ser afetados
Rogério Nogueira antecipa que a suspensão da produção prevista terá um forte impacto nas empresas alojadas no parque industrial da Autoeuropa. Em causa estão empresas dedicadas à produção de vários componentes, como, por exemplo, bancos, tapetes e outros acessórios.
“A grande maioria dessas empresas trabalha quase exclusivamente para a Autoeuropa e, uma vez que a Autoeuropa vai parar, essas empresas também vão parar. Temos informações de que algumas vão entrar também em lay-off". O responsável acredita que, "entre forneedores e Autoeuropa", a situação deverá afetar "à volta de dez mil pessoas”.
Rogério Nogueira estima que seja esse o número de trabalhadores a sentir diretamente os efeitos da suspensão da produção, “numa altura em atravessamos uma crise na inflação”.
A edição desta sexta-feira do Jornal Económico destaca que a Autoeuropa vai avançar para rescisões de trabalhadores temporários. A administração da Autoeuropa e a Comissão de Trabalhadores têm uma primeira reunião agendada já para a próxima segunda-feira, 4 de setembro.