“Lúcia – a vida da Pastorinha de Fátima” é o título da biografia oficial para crianças sobre a vida da irmã Lúcia, que foi religiosa carmelita.
Depois de um primeiro lançamento a 13 de Fevereiro, data do aniversário da sua morte, o livro chega às livrarias de todo o país a partir de Março, pela mão da Lucerna.
A autora, Thereza Ameal, falou à Renascença sobre o desafio, a responsabilidade e o gosto que teve em escrever esta obra, que espera possa ajudar miúdos e graúdos a conhecerem melhor a irmã Lúcia e a mensagem de Fátima.
Como é que surgiu a ideia deste livro?
A ideia não foi minha, foi a causa da canonização da irmã Lúcia que me contactou e convidou para fazer a biografia oficial da irmã Lúcia para crianças. Foi uma honra e uma alegria incríveis. Na altura nem medi as consequências, saltei logo a dizer que sim! Só depois é que pensei ‘ó meu Deus, no que é que eu me meti?’.
A maior parte dos livros que tenho escrito são para crianças mais pequeninas, mas este eu diria que é para as que têm entre 8 e 13 anos. Espero que interesse e estou convencida de que vai interessar a mais gente.
Tive de fazer toda uma investigação sobre a irmã Lúcia, e adorei conhecê-la melhor. Temos sempre aquela ideia da pastorinha, pequenina, do tempo das aparições, e de repente salta para a carmelita velhinha, de óculos, ao lado do Papa.
O que é que a surpreendeu mais, que não soubesse, nessa pesquisa que fez?
Ela era uma pastorinha da serra, e a última coisa que eu esperava era que soubesse nadar. Ora, não só sabia nadar lindamente, como numa altura em que estava a passar férias na praia, porque estava doente, lançou-se ao mar e salvou duas crianças. Foi um acto heróico! Aliás, há um capítulo que é ‘Lúcia heroína’, porque eu quis escrever sobre isso. Depois a maior parte das pessoas não sabe que ela era extremamente divertida, com um grande sentido de humor!
Baseei-me nas memórias da irmã Lúcia, no livro “Um caminho sob o olhar de Maria”, e tive o privilégio incrível de contar com a colaboração das irmãs carmelitas e de ouvir episódios que a maior parte das pessoas nunca ouviu falar.
Quais foram as principais dificuldades?
Sendo uma biografia oficial não podia haver omissões. Mas, falar da mensagem de Fátima numa linguagem teologicamente correcta e, ao mesmo tempo, compreensível para crianças, foi um desafio.
Outro foi fazer um livro que não fosse demasiado grande, mas a contar 100 anos de vida. E também falar da conversão da Rússia, para uma geração que já nasceu depois da queda do muto de Berlim, e até falar da sua opção pela vida carmelita, pela vida contemplativa, porque às vezes nem mesmo católicos adultos compreendem esta opção.
O que é que foi mais difícil?
O livro tinha de ter o máximo de conteúdo possível, mas de uma maneira condensada e ao mesmo tempo que fosse alegre e divertida, para crianças. E estamos a falar da mensagem de Fátima, onde há muito de oração, penitência, obediência a Deus, sacrifício, tudo conceitos completamente fora daquilo que tem a ver com a educação das crianças de hoje em dia, demasiado protegidas de tudo o que são dificuldades da vida. Falar disto tudo de uma maneira que fosse atraente não era fácil, mas acho que ficou giro, também graças às ilustrações do Pedro Rocha e Mello, que é meu sobrinho. Ajudam a compreender a história que é contada. E também exigiram muito trabalho de pesquisa, ver como as pessoas se vestiam na época.
É importante falar de Lúcia às crianças de hoje?
O mais possível! Aliás, a mensagem de Fátima é intemporal e eu penso que é óptimo que agora se fale muito sobre Lúcia, os Pastorinhos e mensagem, porque isto tudo se passou aqui em Portugal e parece-me que os portugueses estão muito esquecidos dos apelos que Nossa Senhora fez, que são sobretudo pela paz.
E nós estamos num tempo em que mais do que nunca é preciso rezar pela paz. E que haja, como Nossa Senhora dizia, quem se sacrifique por aqueles que estão longe e se podem aproximar, se podem converter. Há muita coisa que é Deus que faz, mas também quer a nossa ajuda e a nossa cooperação.
O livro teve um primeiro lançamento em Fátima, a 13 de Fevereiro, data em que a irmã Lúcia morreu, mas vai estar disponível em todas as livrarias na próxima semana.
Sim, espero que agora em Março esteja um pouco por todo o lado. É editado pela Lucerna, uma chancela da Princípia, que já o levou à Feira do Livro de Frankfurt deste ano e já está a preparar possíveis traduções.
Vai ser editado noutros países?
Sei que na Polónia já está fechado, vai-se fazer. E está-se a preparar uma tradução em inglês, espanhol e italiano. Houve também um grande esforço para que o livro tivesse um preço muito acessível. É um livro com quase 100 páginas, todas ilustradas, por 10 euros. O que era importante para todos os envolvidos, e para as carmelitas que me pediram para o fazer, era que chegasse a todas as mãos, não só às dos meninos com capacidades financeiras e mais possibilidades, mas a todos.