O Desportivo das Aves perdeu com o Benfica em casa, foi mesmo goleado por 4-0, mas dezenas de adeptos avenses apoiaram o clube no exterior do estádio, antes, durante e após o final do jogo. Um jogo que esteve em vias de não se realizar.
O presidente do Desportivo das Aves, António Freitas, agradeceu aos adeptos pela sua “manifestação de ânimo” no final de “uma semana muito complicada” e prometeu continuar “a lutar”.
“Sou um homem de luta. Estou preparado para uma luta. Se hoje não houvesse este jogo era uma destruição do clube. Sem a equipa técnica, o staff e os jogadores não conseguíamos estar aqui. Hoje salvámos o futebol nacional de uma vergonha”, afirmou.
António garantiu que o Desportivo das Aves irá disputar a última jornada da I Liga diante do Portimonense. E depois? “Não sei qual é a estratégia da SAD. No fim vamos ver qual é a melhor estratégia. A equipa vai a Portimão, isso é uma garantia.”
Os futebolistas do Desportivo das Aves recusaram jogar, esta terça-feira, o primeiro minuto da receção ao Benfica. Logo após o apito inicial do árbitro António Nobre, o onze da formação orientada por Nuno Manta Santos manteve-se inamovível no terreno de jogo e os suplentes abraçados à equipa técnica na zona do banco de suplentes.
O presidente do clube descreveu a situação como “um minuto de solidariedade”. E explicou: “São profissionais que já não recebem há seis meses. Isto dói-me. Eu fui presidente, investi no clube e nunca [deixava de pagar]. Pagava sempre, nem que fosse um prémio pequenino à terça-feira”.
A SAD do Aves informou no domingo que não iria comparecer ao duelo com o Benfica devido à anulação da apólice de seguro de acidentes de trabalho, que a direção do clube desbloqueou no dia seguinte, tendo assegurado duas baterias de exames negativos à Covid-19 – obrigatórias ao abrigo do protocolo de reinício da I Liga em plena pandemia.
Os guarda-redes Quentin Beunardeau e Raphael Aflalo, o defesa Jonathan Buatu, os médios Aaron Tshibola, Estrela e Pedro Delgado e os avançados Kevin Yamga e Welinton Júnior entregaram cartas de rescisão à administração liderada pelo chinês Wei Zhao, sendo que venceu na segunda-feira o terceiro mês seguido de incumprimento salarial.