A associação que congrega as 14 regiões vitivinícolas nacionais alertou esta quarta-feira que 61% das 1.716 empresas de vinhos do país venderam menos em 2020, estimando perdas superiores a 100 milhões de euros, devido à pandemia de covid-19.
“Das 1.716 empresas que foram abrangidas nesta avaliação que todas as associações fizeram, 61%, ou seja, 1.049 empresas, tiveram vendas inferiores às de 2019”, o que significa “um grande número de empresas com perdas”, revelou à agência Lusa o presidente da Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas (ANDOVI), Francisco Mateus.
Das 1.049 empresas com perdas, houve “216 que tiveram quebras [de vendas] até 20%, 408 quebras entre 20 e 50%” e 361 quebras superiores a 50%”, isto é, sofreram uma “quebra de cerca de metade do que tinham vendido em 2019”, indicou.
Segundo a análise à situação económica do setor a nível nacional, no ano passado, traçada pela ANDOVI e à qual a Lusa teve acesso, as 1.049 empresas com quebras “venderam menos 41,3 milhões de litros, o que equivale a 55 milhões de garrafas”.
“Assumindo um valor médio de dois euros por garrafa, estima-se que as quebras nas vendas em 2020 superaram 100 milhões de euros que não foram vendidos” por estas empresas que comercializam vinhos com Denominação de Origem (DO) e Indicação Geográfica (IG), pode ler-se no documento.
Para Francisco Mateus, a situação “é alarmante” e retrata a existência de “um conjunto muito grande de empresas” que teve quebras, “traduzidas em litros e em garrafas”, pelo que “há um volume muito grande de vinho que não foi vendido e está na casa dos produtores”.
“Não houve faturação, não houve entrada de dinheiro nessas empresas” e, com o novo ano, essas mesmas empresas “voltam a ter todo o ciclo produtivo que está a correr”, nomeadamente “todos os encargos que têm de fazer na vinha, com as podas que já fizeram, os tratamentos que vão fazer”, sem que “estejam a faturar”, alertou.
E o problema “é que são as empresas de menor dimensão, que vendem menos quantidade por ano, que estão a ser as mais atingidas”, realçou.
No âmbito das medidas de combate à pandemia de covid-19, o canal HORECA, da restauração e do turismo, foi afetado, porque estes estabelecimentos foram fechados, afetando muitos destes produtores de vinho, pois, este é o seu principal canal de vendas, lembrou Francisco Mateus.
“Quando olhamos para estas empresas e tentamos perceber quais são os canais de vendas onde elas normalmente estão a atuar é, essencialmente, ao nível do HORECA, da hotelaria e da restauração, que, pelos dados que temos, foi também o setor mais afetado nas vendas em Portugal”, afirmou.
Há “muitas empresas” do setor do vinho “espalhadas por todo o país” que “estão a ser muito afetadas por estes efeitos da pandemia, pela quebra no turismo, pelo fecho dos restaurantes, e, portanto, têm de ser apoiadas” pelo Governo, defendeu.