O INEM anunciou a abertura de processos disciplinares a dois trabalhadores do instituto, na sequência da morte do psicanalista Carlos Amaral Dias. Foram detetadas "situações anómalas" durante a assistência ao doente.
Também foi determinada a instauração de dois processos de contraordenação à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Beato e Penha de França, adianta o INEM, em comunicado.
A investigação detetou "situações anómalas durante a assistência ao doente, nomeadamente o facto de durante cerca de uma hora, o CODU e o Dispositivo Integrado e Permanente de Emergência Pré-Hospitalar de Lisboa (DIPEPH) não terem recebido qualquer informação sobre a ocorrência".
O Instituto Nacional de Emergência Médica vai enviar as conclusões do relatório final ao Ministério Público, à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e ao Ministério da Saúde.
O INEM adianta que vai "reforçar o controlo sobre as atividades de transporte de doentes e de DAE (Desfibrilhação Automática Externa), nomeadamente através do incremento das ações de fiscalização e auditoria a estes processos".
"Irá ainda reforçar a oferta formativa destinada aos Corpos de Bombeiros e Cruz Vermelha Portuguesa, seus parceiros no Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM)", adianta o Instituto Nacional de Emergência Médica, em comunicado.
Estas são as conclusões do processo de inquérito encetado pelo INEM para determinar as circunstâncias em que decorreu a assistência ao psicanalista Carlos Amaral Dias, a 3 de dezembro de 2019, após chamada para o número de emergência 112.
O professor universitário, de 73 anos, sentiu-se mal e ligou uma primeira vez para o 112. Seguiram-se outras chamadas, mas a assistência só terá chegado duas horas depois. Carlos Amaral Dias, que já tinha sofrido um AVC em 2012, acabaria por morrer na ambulância, segundo a imprensa.
Carlos Amaral Dias nasceu em 1946, em Coimbra, tendo tido quatro filhos, entre eles a ex-deputada Joana Amaral Dias. Tinha abandonado há cerca de um mês, a pedido do próprio, a direção do Instituto Miguel Torga, à frente do qual esteve mais de duas décadas.