O opositor russo Alexei Navalny, recentemente transferido para uma remota colónia penal no Ártico, anunciou, esta terça-feira, que foi novamente colocado em isolamento solitário durante uma semana.
Navalny chegou a este novo centro de detenção localizado em Yamalo-Nenetsia no final de dezembro, no final de uma longa transferência durante a qual os seus familiares não receberam notícias, causando receios no exterior.
Os seus apoiantes afirmaram que as autoridades russas procuram isolá-lo ainda mais, no período que antecede as eleições presidenciais de março, nas quais a vitória do líder do Kremlin, Vladimir Putin, é dada como certa.
Alexei Navalny anunciou esta terça-feira nas redes sociais que lhe foram concedidos sete dias de isolamento por não se ter identificado corretamente.
A medida foi tomada no momento da sua "libertação da quarentena", data que não especificou.
"A ideia de que Putin ficaria satisfeito com o facto de me ter colocado numa cabana no extremo norte e de que eu não seria de novo torturado em isolamento solitário não era apenas cobarde, mas também ingénua", criticou na rede X (antigo Twitter).
O ativista de 47 anos, "inimigo número um" do Presidente russo, cumpre uma pena de 19 anos de prisão por extremismo.
Navalny foi detido em janeiro de 2021, ao regressar da Rússia após uma convalescença na Alemanha, após um envenenamento que atribui ao Kremlin, e, desde então, tem alternado estadas em confinamento solitário com condições de detenção rigorosas.
Kira Iarmich, sua porta-voz, disse que esta foi sua 24.ª presença em isolamento solitário, num total de 273 dias.
A colónia onde Navalny está atualmente detido, apelidada de "Lobo Polar", é um estabelecimento herdado dos 'gulag' soviéticos.
O opositor publicou uma foto do minúsculo pátio cercado da prisão, onde pode caminhar bem cedo pela manhã, quando as temperaturas são muito baixas.
Alexei Navalny, com um tom irónico nas suas mensagens, falou do "maravilhoso ar fresco que sopra no pátio apesar do muro de betão", observando que o mercúrio ainda não tinha descido abaixo dos -32 graus Celsius.
O tempo passado atrás das grades já teve consequências na sua saúde, segundo os seus apoiantes, e o outrora radiante ativista parece agora magro e envelhecido.
Nos países ocidentais, as suas condições de detenção e, em particular, as suas consequências no seu estado físico, são fortemente denunciadas.