O ministro russo dos Negócios Estrangeiros afirmou esta quinta-feira, em conferência de imprensa, que é o Ocidente que pensa em guerra nuclear, não os russos.
“Toda a gente sabe que uma terceira guerra mundial só pode ser nuclear, mas chamo a atenção para o facto de que está na mente dos políticos ocidentais, não na dos russos”, disse Sergei Lavrov em conferência de imprensa esta manhã, citado pela Reuters.
O ministro destacou comentários recentes dos seus homólogo francês, Jean-Yves Le Drian, e britânica, Elizabeth Truss, referindo-se à dissuasão nuclear e ao risco de guerra com a Rússia.
“Se alguém está a elaborar um verdadeiro plano de guerra contra nós, e acho que estão a desenvolver, devem pensar com cuidado”, alertou, assegurando que a Rússia não vai permitir ser destabilizada.
Lavrov justificou que a Rússia não podia aceitar as "ameaças militares" da Ucrânia, um país que recebe ordens de Washington, acusando o presidente ucraniano de presidir a “uma sociedade onde o nazismo está a florescer”.
O chefe da diplomacia russa foi mais longe e comparou os Estados Unidos a Hitler ou Napoleão.
"Napoleão e Hitler tinham o objetivo de ter toda a Europa sob o seu controlo, agora os americanos têm a Europa sob o seu controlo. E vemos que esta situação demonstrou o papel que a União Europeia está a representar", disse o ministro.
"Os americanos estão a dizer aos alemães o que é bom para a segurança energética europeia e estão a dizer que eles não precisam do gasoduto [Nordstream 2] e que essa segurança energética será garantida pelos EUA, o que é várias vezes mais caro. Eles estão a tentar impor a sua visão de futuro da Europa sobre nós", acrescentou.
O ministro russo declarou ainda que o Kremlin está disposto a voltar sentar-se com uma delegação ucraniana e negociar, “mas apenas na condição de que teremos duas partes iguais a negociar”.
Já sobre as baixas civis ucranianas, Sergei Lavrov acusa Zelensky de as estar usado “como escudos humanos”.
“Não estou a justificar quaisquer ações que levem à morte de civis, mas não fomos nós que inventámos a expressão ‘danos colaterais’ — foram os nossos parceiros do Ocidente nas suas aventuras no Iraque, na Líbia e por aí fora. Vocês cobriram da mesma forma e com o mesmo tipo de emoções a situação no Iraque e na Líbia, onde morreram centenas e milhares de civis? Não me recordo que isso tenha acontecido”, disse o ministro.