SIRESP falhou pela primeira vez às 19h45. A resposta da Protecção Civil a Costa
23-06-2017 - 19:15

Problemas no SIRESP tiveram impacto "ao nível do comando e controlo das operações, por não permitir, em tempo, o fluxo de informação entre os operacionais e o posto de comando”, escreve o presidente da ANPC.


A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) respondeu, esta sexta-feira, às perguntas que o primeiro-ministro lhe dirigiu depois da tragédia do incêndio de Pedrógão Grande. A ANPC informa que o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) teve a primeira falha às 19h45 de sábado, 17 de Junho, dia do fogo, e só voltou a estar a 100% no dia 20.

Depois dessa hora ocorreram “vários 'reports' [relatos] de dificuldades sentidas ao nível global das comunicações, designadamente entre o comando distrital de operações de socorro de Leiria e o posto de comando operacional, instalado em Pedrógão Grande e entre este e os operacionais no terreno”.

Face às dificuldades do SIRESP, as comunicações de redundância, nomeadamente o REPC (Rede Estratégica de Protecção Civil) e o ROB (Rede Operacional de Bombeiros), foram utilizadas às 21h22.

Às 21h29, quando foram pedidas as duas estações móveis, a Autoridade Nacional de Protecção Civil recebeu a informação de que as duas estavam inoperacionais. "A estação móvel 1, pertencente à GNR, se encontrava inoperacional e que a estação móvel 2, pertencente à PSP, se encontrava em reparação na empresa UNIVEX, pelo que não era possível, no momento, a mobilização da mesma para a zona de Pedrógão Grande."

Na resposta, assinada pelo presidente da ANPC, Joaquim Leitão, lê-se ainda que “o impacto da interrupção da rede SIRESP fez-se sentir, sobretudo, ao nível do comando e controlo das operações, por não permitir, em tempo, o fluxo de informação entre os operacionais e o posto de comando”.

Apesar disso, acrescenta que essas “situações foram supridas com recurso às redes redundantes, permitindo assegurar as comunicações associadas à operação”.

Perante este constrangimento, acrescenta o mesmo responsável, ao nível do Posto de Comando Operacional, "foi elaborado um novo plano de comunicações, baseado apenas na rede ROB, com a atribuição de canais de manobra, tácticos e de comando, garantindo a necessária interligação entre os três escalões da operação que estava em curso".

Cruzando este relatório com o da GNR não é possível fazer uma relação conclusiva entre as falhas de comunicações e as mortes na estrada nacional 236-1, onde morreram 47 pessoas. O que se sabe é que o IC8 foi cortado às 18h50 e que, passado algum tempo não especificado, as opções para os automobilistas eram três, entre as quais seguir pela via que se veio a revelar a "estrada da morte".

Entre as 18h50 e as 19h45, no espaço de 55 minutos, não há indicação nos dois relatórios de como funcionaram as comunicações.

No despacho que emitiu no dia 19, António Costa perguntou à ANPC se se confirma que houve "interrupção do funcionamento da rede SIRESP, porquê, durante quanto tempo, se não funcionaram as suas próprias redundâncias e que impacto teve no planeamento, comando e execução das operações e como se estabeleceram ligações alternativas”.

O fogo de Pedrógão Grande matou 64 pessoas e feriu mais de 200.