O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, decretou que sete lugares do Conselho Legislativo Palestiniano sejam reservados para membros da comunidade cristã, nas próximas eleições de 22 de maio.
A decisão causou alguma surpresa, uma vez que representa pouco mais de 5% dos 132 lugares existentes no Conselho, quando atualmente os cristãos são apenas cerca de 1% da população do país.
Contudo, nem todos os cristãos palestinianos estão contentes com a medida. A agência americana Religion News Service falou com vários cristãos ligados à política palestiniana e estes dividem-se.
A ex-membro do comité executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hanan Ashrawi, diz que os cristãos sempre foram ativos na vida política da nação.
“Em relação aos cristãos, não acho que sejam excluídos ou marginalizados. Têm sido extremamente ativos na vida política, social, cultural e económica e muitos seriam capazes de ser eleitos por mérito, sem quotas”, afirma. A política preferia, antes, uma quota para mulheres, uma vez que estas tendem a enfrentar maiores desafios culturais.
Já Bernard Sabella, que já fez parte do Conselho Legislativo, considera que a medida não faz sentido. “Precisamos é que os nossos representantes representem a sua nação, e não a sua religião”, considera.
Pelo contrário, o antigo ministro Bassem Khoury diz que sem as quotas os cristãos poderiam nem sequer estar representados. “É difícil ser eleito se não houver um esforço sério da parte do partido para colocar um cristão palestiniano num lugar seguro. Daí que a quota seja importante e necessária”, afirma.
Hazem Kawasmi, diretor do Observatório de Democracia e Eleições do Mundo Árabe, gostava mesmo de ver uma quota maior. “Preferia que fossem nove deputados, porque os cristãos palestinianos têm contribuído de forma importante para a via palestiniana e a sua presença é importante, que recorda que nas eleições de 1996 a quota era de seis cristãos, o que correspondia a 7%, uma vez que o total era de 88 deputados.
A nível global os cristãos representam cerca de 20% da população palestiniana, mas por diversos fatores, incluindo as sucessivas crises económicas e o aumento do fundamentalismo islâmico na sociedade, especialmente na Faixa de Gaza que é dominada pelo Hamas, essa percentagem tem diminuído até cerca de 1% no território palestiniano atualmente. A esmagadora maioria dos cristãos palestinianos vivem, por isso, na diáspora.
Historicamente, porém, os cristãos têm desempenhado um papel importantíssimo na sociedade palestiniana. George Habash e Nayef Hawatmeh, por exemplo, dois dos pioneiros da luta armada contra Israel, eram ambos cristãos.