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Numa primeira análise à exortação apostólica “A Alegria do Amor”, o padre Duarte da Cunha, que participou como perito no sínodo dos bispos sobre a família, diz à Renascença que esta vai certamente provocar mudanças na Igreja porque o Papa deixa muito claro que é preciso acolher quem se afastou por estar em situação considerada irregular, como é o caso dos divorciados recasados.
“Na vida das pessoas que existem nas nossas comunidades, que se divorciam, que estão feridas, que se recasam, que às vezes se reaproximam da Igreja ou se afastam, [é preciso] mostrar como estas vidas não podem estar fora da comunidade, não podem ser abandonadas pela comunidade porque o Evangelho é sempre integrador, como o Papa diz, procura sempre integrar”, descreve Duarte da Cunha, sublinhando que “a misericórdia é integradora”.
Para o padre, que participou no sínodo dos bispos sobre a família de Outubro passado, que deu origem à exortação, “estas pessoas devem-se sentir verdadeiramente em casa na Igreja”. “O documento ajuda a perceber como este é um desafio real, para as comunidades se reverem e os pastores pensarem como abordar, como falar, como tratar estas pessoas.”
“Neste sentido”, aponta Duarte da Cunha, “julgo que vai certamente provocar algumas atitudes mudadas, digamos assim. Embora eu esteja convencido de que, pelo menos em Portugal, muito disto já vem sendo feito há muitos anos. As pessoas recasadas não são tratadas como excomungadas”, acrescenta.
No caso concreto do acesso à comunhão por parte dos divorciados recasados, poderá vir a ser autorizado em casos excepcionais. O padre Duarte da Cunha diz que o assunto não é abordado de forma “explícita e clara” pelo Papa e admite que poderá haver diferentes interpretações deste ponto consoante os casos sejam analisados por sacerdotes ou bispos mais ou menos liberais.
O especialista lembra que o Papa deixa muito claro nesta exortação que não quer mudar a lei da Igreja. “Corremos o risco de um prior ser muito liberal e outro ser muito exigente, ou de um bispo ser muito liberal e outro ser mais rígido”, considera. “É preciso também ser sério na maneira como se vai abordar a questão, e eu julgo que o Papa claramente põe elevadíssima, e de grande exigência, toda a vida de fé e cristã.”