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A campanha de oração, em que as religiosas de clausura se propõem rezar por quem está na linha da frente da luta contra o coronavírus, foi lançada no final da semana pelas monjas concepcionistas através do Facebook, mas pretende “envolver todos os mosteiros de vida contemplativa de Portugal, que são mais de 30”, diz à Renascença a irmã Madalena, a partir do mosteiro de Campo Maior.
A inspiração, conta, veio do país vizinho. “Começámos por participar na cadeia de oração em Espanha e achámos que seria útil fazer o mesmo aqui em Portugal. Portanto, na realidade a única coisa que fizemos foi copiar essa ideia e encarregar uma equipa de leigos de fazer todo o secretariado, receber e-mails e pôr em contacto as pessoas com uma irmã concreta de cada convento”.
No vídeo de apresentação da campanha aparecem apenas as monjas de Campo Maior, mas a campanha já reúne, até agora, 11 mosteiros e um total de 121 religiosas. “Todos os mosteiros se inscreveram com um número e o nome das irmãs. O secretariado tem essa informação, e ao fazer o contacto com a pessoa que se inscreve diz-lhe: a irmã ‘x’ do Convento ‘y’ está a rezar por si. É uma coisa muito concreta”.
Os pedidos têm crescido, e podem obrigar a alargar a iniciativa. “Temos em aberto que se começar a haver muitos vamos precisar da ajuda de outros conventos”, admite a irmã Madalena, explicando que “quem recebe os pedidos não somos nós. Nós estamos totalmente dedicadas à nossa vocação. Os pedidos são recebidos e encaminhados pelo Secretariado. Nós rezamos. Esse é o nosso trabalho”.
“Interceder pelo mundo é a nossa vocação”
A campanha ‘Do Convento Rezo por Ti’ foi lançada no final da última semana, e as inscrições não tardaram. Até esta terça-feira foram recebidas quase 300, confirma à Renascença o secretariado que dá apoio à iniciativa.
“Estamos contentes”, afirma a irmã Madalena, referindo que o objetivo “não é termos muito números. É que quem está a lutar na linha da frente, e está angustiado, possa receber um consolo e um conforto pessoal com a nossa oração. E é uma iniciativa muito concreta: há uma irmã que reza por uma pessoa”.
Os pedidos chegam diretamente de quem está na linha da frente nos hospitais, mas também são feitos por familiares. “Muitos médicos, enfermeiros e auxiliares, muita gente do meio da saúde entrou em contacto connosco, mas também acontece haver muitas mães, avós e mulheres preocupadas”, confirma a religiosa, sublinhando que nalguns casos dos pedidos estão a ser feitos por pessoas em claro processo de reaproximação à fé.
“É engraçado que recebemos muitos pedidos de oração de pessoas que normalmente não vivem muito perto de Deus na sua vida, antes disto. Este é um momento de muito confronto com o limite da nossa humanidade e da nossa fragilidade humana”. E não tem dúvidas de que “Deus sustenta o mundo de uma forma invisível. Há tanta gente que não acredita mas que tem um coração tão bom, e está tão desejosa de fazer coisas boas, que se não é Deus que está a atuar, então quem é? Aquele que inspira coisas boas é sempre Deus”, refere.
Esta campanha lançada pelo Facebook mostra que apesar de viverem em clausura, as religiosas de clausura estão atentas às preocupações do mundo. “Dizemos muito que estamos fora do mundo, a interceder pelo mundo. Estamos retiradas do mundo, mas completamente dentro daquilo que são as preocupações, as tristezas, as alegrias e as esperanças das pessoas. Por isso, isto também é uma forma de nos ajudar a realizar a nossa vocação que é participar, não de uma forma abstrata, mas de uma forma muito concreta, naquilo que é a vida das pessoas, e naquilo que é vida de Deus no mundo. É no fundo a nossa vocação”.
As inscrições podem ser feitas através da página de Facebook ‘Do Convento rezo por ti’, que já conta com várias centenas de seguidores, e onde estão também indicações para que os pedidos possam seguir também por email.