O Papa Francisco evocou esta sexta-feira a memória dos mártires que preferiram morrer a trair a sua fé, para encorajar os professores e catequistas, com quem se encontrou no Uganda.
O encontro decorreu em Munyonyo, onde em 1885 o então rei do Uganda, Mwanga II, condenou à morte 45 jovens recém-convertidos ao Cristianismo. Um exemplo que deve inspirar os professores e catequistas, diz Francisco. “Estamos hoje aqui em Munyonyo, no lugar onde o rei Mwanga decidiu eliminar os seguidores de Cristo. Mas o seu objectivo faliu, tal como o rei Herodes não conseguiu matar Jesus. A luz brilhou nas trevas, e as trevas não prevaleceram. Depois de ter visto o corajoso testemunho de Santo André Kaggwa e seus companheiros, os cristãos do Uganda tornaram-se ainda mais convictos das promessas de Cristo.”
Embora vários factores tenham contribuído para a perseguição aos cristãos naquela época, a razão imediata para a execução dos 45 jovens foi a sua recusa a submeterem-se a actos homossexuais com o rei e com os seus amigos. “Eles deram testemunho da verdade que nos liberta; estavam prontos a derramar o seu sangue, para permanecer fiéis àquilo que sabiam ser bom, belo e verdadeiro”, disse o Papa.
Esta dedicação deve ser uma inspiração para quem trabalha no ensino, sobretudo quando as condições parecem mais difíceis. “Mesmo quando a tarefa se apresenta gravosa, os recursos pouquíssimos e os obstáculos enormes, far-vos-á bem lembrar que o vosso é um trabalho santo.”
O sucesso dos professores e catequistas será tanto maior quanto partir do seu próprio testemunho pessoal, diz Francisco. “O Espírito Santo está presente onde o nome de Cristo é proclamado. Está entre nós sempre que elevamos os corações e as mentes para Deus na oração. Ele dar-vos-á a luz e a força de que precisais. A mensagem, que transmitis, enraizar-se-á tanto mais profundamente no coração das pessoas quanto mais fordes não só mestres, mas também testemunhas.”
“Que o vosso exemplo faça ver a todos a beleza da oração, o poder da misericórdia e do perdão, a alegria de partilhar a Eucaristia com todos os irmãos e irmãs.”
O Papa deixou uma nota de agradecimento especial a todos os que se dedicam a este serviço. “Obrigado pela vossa dedicação, pelo exemplo que dais, pela proximidade ao povo de Deus na sua vida quotidiana e pelos mais variados modos como plantais e cultivais as sementes da fé em todo este vasto território. Obrigado especialmente por ensinardes as crianças e os jovens a rezar.”
Francisco chegou esta sexta-feira a Entebbe, no Uganda. Depois de ter sido recebido pela classe governativa e pelo corpo diplomático, a quem agradeceu sobretudo a forma como o Uganda tem acolhido centenas de milhares de refugiados, o Papa seguiu para este encontro com os catequistas.
O programa oficial prossegue no sábado com uma visita aos dois santuários, católico e anglicano, dedicados à memória dos 45 mártires, que gozam de estatuto de heróis nacionais. No santuário católico haverá uma missa. Mais tarde o Papa encontra-se com os jovens ugandeses, visita a Casa de Caridade de Nalukolongo e, por fim, encontra-se com o episcopado ugandês.
Domingo de manhã despede-se do Uganda e viaja para a República Centro-Africana.
A Renascença em África com o Papa Francisco. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa