O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou este sábado o que classificou como "logro" ao falar-se de descentralização sem cumprir e continuando a negar o pilar do poder local que é a regionalização.
O líder comunista discursava em Bragança, na apresentação dos candidatos da CDU as eleições Autárquicas no distrito transmontano, vincando que o "poder local tem ainda por cumprir no seu edifício constitucional a criação das regiões administrativas sucessivamente adiadas pela mão do PS, PSD e CDS".
Jerónimo de Sousa entende que se está a negar "ao país um instrumento capaz de contribuir para conferir legitimidade democrática para o desenvolvimento e a coesão territorial, para o aproveitamento das potencialidades e recursos locais, para a modernização e organização de uma administração pública ao serviço das populações".
"Não é sério falar de descentralização quando se persiste em negar a regionalização, suportados em simulacros como os da chamada democratização das CCDR (Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional)", apontou.
Para o secretário-geral do PCP, é "de facto um logro e uma farsa que não resiste a qualquer avaliação feita com um mínimo de honestidade política, logro que prossegue quando se alimenta a ideia, como faz o PS, que lá para fins de 2024, e em resultado da avaliação da dita descentralização que concertaram com o PSD, se abrirá então um debate público sobre a matéria".
"Com esta perspetiva não será pela mão do PS que a regionalização se realizará", declarou.
Jerónimo defendeu que "o país precisa sem hesitações de concretizar a regionalização como fator de coesão e desenvolvimento capaz de aproveitar as riquezas e potencialidades de cada região".
Da mesma forma, entende que também "não é sério falar de descentralização ou de proximidade quando se recusa a reposição das freguesias extintas no período da troika, impedindo que se realizem eleições que deem corpo à vontade expressa pelas populações que se pronunciaram pela sua devolução".
O secretário-geral do PCP defendeu ainda medidas para as regiões do interior do país, como Bragança, e para o setor económicos como a agricultura, assim como o reforço dos apoios aos vários setores que enfrentam "grandes dificuldades" agravadas pelas medidas da pandemia de covid-19.
A CDU apresentou hoje nove candidatos às Câmaras e onze às assembleias municipais do distrito de Bragança com a indicação de que brevemente serão divulgados os cabeça de listas que faltam na totalidade dos 12 concelhos desta região.
A CDU tem eleitos apenas nas assembleias municipais de Bragança e Mirandela e em algumas assembleias de freguesia neste distrito.
O secretário-geral do PCP disse que tem consciência da relação de forças no distrito de Bragança onde PS e PSD dividem as câmaras municipais, mas prometeu "esforço e emprenho", enquanto a dirigente regional do partido Fátima Bento destacou que "nunca foi a ausência de eleitos em alguns concelhos que impediu o projeto da CDU".