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Houve pagamento maciço de quotas de militantes em concelhias que apoiaram Rui Rio nas últimas diretas, afirma Luís Montenegro, candidato à liderança do PSD, em entrevista à Renascença e ao jornal "Público".
O líder social-democrata disse que não quer "vigarices" nas eleições internas do partido, para justificar as novas regras de pagamento de quotas. Luís Montenegro não aceita a utilização do termo no PSD e afirma que a palavra "vigarices" pode fazer "ricochete".
Nesta entrevista ao programa "Hora da Verdade", Luís Montenegro garante que, se for eleito líder do PSD, promete ir ao Parlamento uma vez por mês falar com os deputados do partido.
Como é que financia a campanha interna?
Através da disponibilidade de meios próprios e de alguns companheiros de partido.
Tem ideia de orçamento?
Ainda não tenho.
Estas novas regras de pagamento de quotas não são uma garantia de que o processo é transparente e que não haverá vigarices, como diz Rui Rio?
Não aceito esse termo no PSD. Se o conceito de vigarice for aquele que eu presumo que está por trás da afirmação do presidente do PSD, se calhar isso faz ricochete e atinge o próprio e muita gente que está ao lado dele.
Como assim?
Se esse conceito tem a ver com pagamentos maciço de quotas em algumas concelhias, há muitas que apoiaram o dr. Rui Rio há muitas que votaram nele onde isso aconteceu. Acho que não é bom estarmos a transformar esta campanha numa campanha de casos e de intendência. Se o dr. Rui Rio quer fazer, eu por mim não o faço. A única coisa que exijo é transparência e isso significa igualdade de oportunidades entre todas as candidaturas. Eu não quero ser prejudicado só porque o dr. Rui Rio tem a máquina partidária com ele, e é ele que domina a sede, é ele que executa essas regras. Não quero dificultar a vida do militante de maneira a que ele desista que é o que, infelizmente, está a acontecer em muitos casos.
Por isso tentou que todos os militantes votassem?
Eu não tentei nada, houve pessoas que tentaram. Seria uma tragédia política se o futuro do PSD, numa situação tão grave, como aquela em que se encontra fosse decidida por questões administrativas e de intendência. O PSD está numa situação grave. Perdemos as últimas autárquicas, perdermos as europeias e perdermos as legislativas. Nós não temos maioria na Associação Nacional de Freguesias, na Associação Nacional de Municípios, no Parlamento, e temos o pior resultado de sempre nas europeias. Ora, não podemos ficar satisfeitos com isto.
Admite que a direita está em dificuldades?
Admito que o espaço não socialista está com dificuldades de crescimento eleitoral de maneira a ser maioritário de poder governar o país.
Foi um problema de lideranças?
Problema de alternativas, não quero estar a pessoalizar as coisas. Dentro do posicionamento político dos partidos, a conduta dos líderes, postura, a forma como eles se apresentam também tem influência.
Já disse considerar não ter cometido nenhum crime nas viagens que fez ao Euro 2016. Foi imprudente?
De maneira nenhuma.
Porquê?
Porque tive uma conduta normal de um cidadão normal.
Não fez nada que pudesse ter passado uma imagem errada?
Por ter ido assistir a um jogo de futebol da seleção nacional ao lado do Presidente da República, do presidente da Assembleia da República, do primeiro-ministro e de vários ministros do Governo de Portugal, de outros líderes parlamentares? Não vamos fazer demagogia com isso.
Se for eleito quem é que escolhe para liderar a bancada?
Eu não escolho ninguém porque não sou deputado. Discordo do sistema em que é o líder do partido que escolhe o líder parlamentar. Fui líder parlamentar três vezes e fui que me apresentei. Conviverei com qualquer líder parlamentar. Bem. Não vejo esta bancada como a bancada dr Rui Rio, mas sim a bancada do PSD. E o dr. Rio cometeu um erro muito grande ao considerar que a bancada anterior era do dr. Passos Coelho porque não era. O dr. Rui Rio foi ao Parlamento uma vez em quase dois anos. Eu irei, pelo menos, uma vez por mês ao Parlamento falar com os meus deputados.