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Théo Boer é a favor da eutanásia em casos excecionais, mas devido à experiência holandesa aconselha os outros países a não irem por esse caminho.
Professor e investigador em Bioética, este holandês fez parte da comissão de acompanhamento da eutanásia no seu país entre 2005 e 2014.
Em Lisboa para falar sobre o assunto numa conferência organizada pela Universidade Católica Portuguesa e pela campanha Toda a Vida tem Dignidade, o médico deu uma curta entrevista à Renascença, na qual fez questão de ressaltar que o debate contínuo sobre os cuidados paliativos não pode ser esquecido nem minimizado.
Quais os perigos de legalizar a eutanásia?
A Holanda foi o primeiro país a legalizar a eutanásia e o que temos visto é que, desde há décadas, talvez 20 anos, o nosso país habituou-se à eutanásia de tal maneira que os números continuam a multiplicar-se e a eutanásia tornou-se uma forma pré-determinada de morrer. Nunca tivemos intenção que assim fosse.
Acha que em Portugal corremos o mesmo perigo?
Só há uma maneira de descobrir, que é olhando para o exemplo holandês. Tivemos esta discussão durante 40 anos e o que vemos agora é, provavelmente, o que vão ver daqui a 20 ou 30 anos: uma aceitação generalizada da eutanásia.
Acha que a Comissão Europeia ou a União europeia devem discutir este assunto?
Não, não acho. Acho que cabe a cada Estado-membro, mas é de todo o interesse que os cuidados paliativos sejam debatidos em todos os nossos países, porque uma das principais razões pelas quais as pessoas querem a eutanásia é porque têm medo de uma morte terrível. Temos de afastar esse medo.
Aqui em Portugal também se discute a hipótese de um referendo sobre a legalização da eutanásia. Defende ou não que se decida desse modo?
Não ficaria satisfeito com um referendo. Se tivessem um referendo sobre impostos mais baixos ou mais dias de férias, toda a gente votaria a favor, mas acho que este é um assunto tão complicado que precisamos de um bom debate parlamentar com pessoas que conheçam as experiências de outros países.