O bastonário da Ordem dos Médicos avisa que a “rede de urgências tem que funcionar em pleno”. “Não é normal utilizar no futuro esta instabilidade” assente no encerramento temporário de serviços, afirma Miguel Guimarães, em declarações à Renascença.
O responsável reage assim ao fecho de centros de saúde e blocos de parto no Ano Novo, à semelhança do que aconteceu no Natal.
“Se nós achamos que temos maternidades a mais, fecham-se. Eu acho que a avaliação dessa situação tem que ser feita de forma ponderada e tem que ser feita no tempo, mas não é muito normal que nós utilizemos no futuro esta instabilidade de umas vezes termos umas urgências abertas e noutras vezes termos outras. Temos que ter uma rede de urgências a funcionar em pleno, seja ela qual for”, afirma Miguel Guimarães.
Entre os cinco blocos de parto que encerram de 30 de dezembro a 2 de janeiro, há uma situação que o bastonário considera inaceitável: o fecho de Beja.
“Isto em termos de ginecologia-obstetrícia não é aceitável. Quando eu tenho uma grávida, são duas vidas, que tem que fazer mais de uma hora de transporte para chegar a um serviço médico porque sente que está com uma situação que pode ser urgente, não é aceitável. Beja é um ponto crítico. Relativamente ao Algarve, sim é possível e parece-me sensato, e relativamente à Grande Lisboa também.”
Além de Beja, encerram no Ano Novo os blocos de parto nos hospitais das Caldas da Rainha, Loures, Barreiro e Portimão.
Em vez de encerramentos, o bastonário dos Médicos defende um novo modelo de gestão para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), maior coordenação entre as diferentes unidades de saúde, rapidez e agilidade nas decisões e que se avancem com as reformas: o reforço dos cuidados de saúde primários, o aumento do número de médicos de família e uma maior rentabilização das urgências.
Nestas declarações à Renascença, o bastonário comenta ainda a situação do Hospital das Forças Armadas, que o Ministério da Defesa diz estar resolvida.
Miguel Guimarães lamenta que tenha sido necessário tornar público o bloqueio das contratações para resolver um problema crítico.
“Daquilo que eu me apercebi hoje, acho que ficou resolvido. Era uma situação crítica e completamente desnecessária. Como bastonário, acho triste que nós em Portugal muitas vezes para resolver coisas que são de uma tremenda justiça, como é o caso da saúde militar, acho triste que para que se façam as contratações que as coisas tenham que ser públicas. Não têm propriamente um orçamento milionário e as coisas arrastam-se até ao limite dos limites. Acho que é desnecessário e o Governo devia ter atenção nesta matéria.”
O Governo garante que estão regularizados os contratos de pessoal no Hospital das Forças Armadas.
Segundo o Ministério da Defesa, "os polos de Lisboa e do Porto vão manter as condições no próximo ano”. Os contratos pendentes estão fechados e será aberto um concurso para os quadros.