O presidente do PSD diz que a proposta de Orçamento do Estado para 2019 (OE2019) não serve para "projetar o futuro" do país, antes é idealizado pelo PS para que este partido chegue numa "posição confortável" às legislativas.
"O Orçamento do Estado não tem nada a ver com o futuro que o país precisa e tem fundamentalmente a ver com o que esses partidos, nomeadamente o PS, precisam para chegar a uma posição mais confortável em outubro de 2019", vincou Rui Rio, falando na ilha de São Miguel, na sessão de encerramento do XXIII congresso do PSD/Açores.
O líder social-democrata advoga que "todas as folgas" orçamentais que existem são "para redistribuir, nada é para projetar futuro, é para garantir o presente", e "garantir o presente em 2019 é procurar garantir uma posição confortável" nas eleições legislativas de outubro.
"Este Governo não tem uma estratégia de crescimento económico sustentado, nem podia ter", disse ainda Rui Rio, justificando tal posição com as "divergências ideológicas" do PS com o Bloco de Esquerda e o PCP.
Se o PS procurasse reformas estruturais, nomeadamente para o crescimento económico, "embatia de frente com aquilo que são as diferenças ideológicas de uma aliança que não faz grande sentido" a não ser para o PS ter sido Governo em 2015, prosseguiu Rui Rio.
"Temos um crescimento económico que fundamentalmente repousa naquilo que as outras economias nos conseguem dar e naquilo que são as imposições de ordem consumista do BE, do PCP e do próprio PS", disse ainda o social-democrata.
O Orçamento é, nesse sentido, um "bodo aos pobres e aos ricos, um bodo a todos aqueles que têm um voto para dar" nas europeias e nas legislativas de 2019.
Na sua intervenção perante os sociais-democratas açorianos, Rio lembrou ainda a disponibilidade do partido para uma efetiva descentralização do país, até porque este pode ser um caminho feito por "um partido só".
"Estamos disponíveis e vamos continuar a estar para juntamente com os outros construir essa descentralização que é fundamental para o futuro de Portugal", sublinhou, acrescentando que "um passo para a descentralização é sempre um passo para o desenvolvimento".
Rui Rio traçou também elogios a Mota Amaral e Alberto João Jardim pela sua relevância no contexto autonómico dos Açores e da Madeira, respetivamente.
"A autonomia vai-se sempre construindo, mas é evidente que nos primeiros anos é muito mais difícil e muito mais estrutural", disse, no elogio aos históricos sociais-democratas.
E concretizou, dirigindo-se em concreto a Mota Amaral, presente na sala: "Comparar os açores de 1974 e os de 2018 é verificar aquilo que é a obra das autonomias regionais".
Sobre as regionais de 2020, onde deverá avançar o líder do PSD/Açores, Alexandre Gaudêncio, na corrida eleitoral, Rio disse acreditar que, até lá, se implemente uma "dinâmica" com vista a derrubar o PS, com mais de 20 anos seguidos de governação nos Açores.
"Acredito que o PSD até lá [2020] possa conseguir uma dinâmica que leve a chegarmos às regionais em condições de voltar a ganhá-las e poder servir diretamente a partir do Governo Regional os interesses dos açorianos", disse o presidente social-democrata.