Self-service. "Substituição dos homens por máquinas é a palavra de lei"
28-05-2015 - 08:00
• Ricardo Vieira
O "self-service" tira trabalhos e dá mais trabalho a quem fica, critica sindicalista.
Há um "exército" de desempregados em Portugal e no mundo. Muitos deles foram "substituídos" nas suas funções pelos próprios clientes, através do "self-service" e da introdução de inovações na área do comércio e retalho, adverte o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).
A revolução "self-service" significa "uma redução muito grande dos trabalhadores. Hoje, qualquer grande superfície tem metade ou um terço dos trabalhadores que tinha em relação aos anos 70 ou 80 do século passado."
O problema coloca-se noutras áreas, com a automatização dos postos de abastecimento de combustíveis, parques de estacionamento, escritórios e banca.
E nas portagens "a substituição dos homens por máquinas é a palavra de lei", descreve o sindicalista. "Eles metem uma máquina de cobrança e os quatro portageiros que são necessários para aquilo funcionar desaparecem automaticamente."
Trabalhar menos? Trabalhar mais
Manuel Guerreiro defende a criação de planos sociais para "enquadrar esses trabalhadores noutras funções". Evitavam-se despedimentos e as pessoas podiam continuar a "ganhar a vida e a ter uma vida digna".
Os trabalhadores dos tempos modernos não vão deitar "fogo às máquinas", como na primeira revolução industrial. O progresso facilita as tarefas, mas é preciso "introduzir factores correctivos e de compensação".
Para evitar despedimentos, Guerreiro propõe a divisão da produtividade, através da redução da jornada de trabalho com manutenção dos salários, a divisão do emprego e a criação de novas funções e actividades.
Mas não é isso que acontece, diz o sindicalista. "A tendência conjuntural é exactamente a contrária. É pôr as pessoas a trabalhar mais, sacrificá-las mais e introduzir tecnologias para haver menos a trabalhar. Isso gera este exército de reserva de desemprego que temos na sociedade portuguesa e um bocado por todo o mundo", observa.
Para os sindicatos, antes da implementação de tecnologias é preciso avaliar se as inovações trazem, verdadeiramente, vantagens.
O dirigente do CESP dá o exemplo das portagens automáticas. Além de criarem desemprego, dificultam a vida a automobilistas com deficiência ou com problemas de mobilidade e podem colocar questões de segurança, alerta.
Descartar pessoas
A tecnologia também cria postos de trabalho. O problema, diz o sindicalista, é que Portugal é, sobretudo, um país importador de inovações. São criados alguns empregos na área da manutenção, "mas não compensa o emprego que destrói. Isso é da tradição. Sabe-se que as novas tecnologias, normalmente, têm um efeito devastador sobre o emprego".
O "self-service" nasceu nos Estados Unidos e é de lá que chegam novos motivos de preocupação que deixam Manuel Guerreiro a temer pelo futuro dos trabalhadores. O gigante das vendas "online" Amazon foi autorizado a testar a entrega de encomendas por aviões não-tripulados.
"Isto é a substituição dos homens [pelas máquinas]. Agora, o problema é se a Amazon ao fazer isto procura enquadrar as pessoas, procura dividir o emprego que existe, etc.. Normalmente, isto é feito descartando as pessoas. E aí começa o problema."
A revolução "self-service" significa "uma redução muito grande dos trabalhadores. Hoje, qualquer grande superfície tem metade ou um terço dos trabalhadores que tinha em relação aos anos 70 ou 80 do século passado."
O problema coloca-se noutras áreas, com a automatização dos postos de abastecimento de combustíveis, parques de estacionamento, escritórios e banca.
E nas portagens "a substituição dos homens por máquinas é a palavra de lei", descreve o sindicalista. "Eles metem uma máquina de cobrança e os quatro portageiros que são necessários para aquilo funcionar desaparecem automaticamente."
Trabalhar menos? Trabalhar mais
Manuel Guerreiro defende a criação de planos sociais para "enquadrar esses trabalhadores noutras funções". Evitavam-se despedimentos e as pessoas podiam continuar a "ganhar a vida e a ter uma vida digna".
Os trabalhadores dos tempos modernos não vão deitar "fogo às máquinas", como na primeira revolução industrial. O progresso facilita as tarefas, mas é preciso "introduzir factores correctivos e de compensação".
Para evitar despedimentos, Guerreiro propõe a divisão da produtividade, através da redução da jornada de trabalho com manutenção dos salários, a divisão do emprego e a criação de novas funções e actividades.
Mas não é isso que acontece, diz o sindicalista. "A tendência conjuntural é exactamente a contrária. É pôr as pessoas a trabalhar mais, sacrificá-las mais e introduzir tecnologias para haver menos a trabalhar. Isso gera este exército de reserva de desemprego que temos na sociedade portuguesa e um bocado por todo o mundo", observa.
Para os sindicatos, antes da implementação de tecnologias é preciso avaliar se as inovações trazem, verdadeiramente, vantagens.
O dirigente do CESP dá o exemplo das portagens automáticas. Além de criarem desemprego, dificultam a vida a automobilistas com deficiência ou com problemas de mobilidade e podem colocar questões de segurança, alerta.
Descartar pessoas
A tecnologia também cria postos de trabalho. O problema, diz o sindicalista, é que Portugal é, sobretudo, um país importador de inovações. São criados alguns empregos na área da manutenção, "mas não compensa o emprego que destrói. Isso é da tradição. Sabe-se que as novas tecnologias, normalmente, têm um efeito devastador sobre o emprego".
O "self-service" nasceu nos Estados Unidos e é de lá que chegam novos motivos de preocupação que deixam Manuel Guerreiro a temer pelo futuro dos trabalhadores. O gigante das vendas "online" Amazon foi autorizado a testar a entrega de encomendas por aviões não-tripulados.
"Isto é a substituição dos homens [pelas máquinas]. Agora, o problema é se a Amazon ao fazer isto procura enquadrar as pessoas, procura dividir o emprego que existe, etc.. Normalmente, isto é feito descartando as pessoas. E aí começa o problema."