As emissões poluentes para a atmosfera de Portugal chegaram aos níveis mais baixos dos últimos 30 anos, depois de caírem 10% em 2020 face ao ano anterior. A associação ambientalista ZERO aponta que o país encontra-se pela primeira vez abaixo dos níveis de 1990, o ano de referência do Protocolo de Quioto e do Acordo de Paris.
À Renascença, o presidente da ZERO, Francisco Ferreira afirma que a Covid-19 teve impacto nesta “enorme redução” dos níveis de emissão, mas que os níveis de emissão de poluição em Portugal já mostravam uma tendência decrescente.
“É um facto que esta enorme redução dos níveis de emissão foi o reflexo da significativa diminuição de atividade no quadro da resposta que tivemos à pandemia de Covid-19, porém a tendência de redução desde 2017, incluindo a retirada de produção das centrais térmicas a carvão fortemente poluidoras e os investimentos em renováveis, está a ter uma influência relevante", diz, acrescentando que o país “pode assegurar uma tendência de redução ao longo dos próximos anos”.
Em comunicado, a ZERO refere que os "58 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente" emitidos em 2020 representam uma redução de cerca de 10% (9,5%) em relação a 2019, de 32,9% em relação a 2005, e de 1,6% em relação ao ano de 1990, o ano base de vários acordos e protocolos internacionais.
"O valor total das emissões considerando a componente florestas totalizou 51 milhões de toneladas de CO2 equivalente (CO2e), o que representa uma redução de 8,9% face ao ano anterior, uma redução de 32,9% face a 2005 e uma diminuição de 15% face a 2019, sendo o valor mais baixo de emissões líquidas de Portugal desde 1990", adianta o comunicado.
A ZERO destaca ainda a variação "muito positiva" em termos setoriais, sendo a agricultura a exceção, o único setor com aumento de emissões em 2020 face a 2019. Para os próximos anos, a associação considera "absolutamente decisivas" as medidas no setor dos transportes e da eficiência energética dos edifícios para "Portugal conseguir antecipar a neutralidade climática e assegurar uma maior independência energética em linha com a resposta à crise pandémica e às consequências da guerra na Ucrânia"