No dia em que a Espanha assume a Presidência do Conselho da União Europeia, Pedro Sánchez inicia a sua visita de dois dias à capital ucraniana.
O primeiro-ministro espanhol discursou no parlamento da Ucrânia, realçando que a Europa continua a estender a mão aos ucranianos: "Eu queria dizer que estamos e iremos estar do vosso lado o tempo que for necessário".
É a segunda vez que Sánchez intervém no parlamento da Ucrânia - a primeira foi em fevereiro, quando se assinalou um ano da invasão russa. "As coisas mudaram desde então", reconheceu, porque "agora a Ucrânia está no meio da contraofensiva, contra um inimigo que mostra sinais de fraqueza".
"Vimos todos os eventos da semana passada [relativos à insurreição do Grupo Wagner]. Falam por si só. Se um lado [Rússia] mostra fraqueza, é porque à sua frente há alguém que mostra o contrário: determinação. Ninguém merce mais [entrar na União Europeia] do que a Ucrânia."
Para tal, Pedro Sánchez anunciou a criação de um conselho conjunto da Ucrânia com a NATO, animando Zelensky com a perspetiva de se acelerarem reformas e, numa última instância, proporcionar uma adesão ucraniana à UE o mais rapidamente possível.
O primeiro-ministro espanhol destacou também que apoia a "fórmula de paz do Presidente Zelensky, que respeita a lei internacional e as regras das Nações Unidas".
Sánchez lembrou ainda a necessidade de apoiar a reconstrução da Ucrânia e que a Espanha vai doar mais 55 milhões de euros. A verba vai ser usada para "ajudar a financiar as pequenas e médias empresas na Ucrânia".
No momento da chegada a Kiev, o líder do executivo de Madrid já havia expressado a importância de a primeira intervenção da Presidência espanhola do Conselho da UE ser em solo ucraniano. Através de uma publicação no Twitter, Sánchez prometia transmitir toda a "solidariedade europeia" ao Governo e Parlamento ucranianos.
Zelensky agradece o apoio de Sánchez, sobretudo no diálogo e procura de apoio junto dos países da América Latina que, segundo o Presidente ucraniano, se opuseram à participação da Ucrânia na cimeira entre a União Europeia (UE) e a Comunidade de Estados da América Latina e Caraíbas (CELAC), marcada para julho, em Bruxelas.
Zelensky fez esta revelação numa entrevista a vários meios de comunicação espanhóis, entre os quais a agência noticiosa Efe. “Alguns líderes latino-americanos bloquearam” a possibilidade de o chefe de Estado ucraniano participar na cimeira.
Segundo a Efe, o porta-voz de Zelensky, Sergi Nikiforov, explicou que o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, propôs “coordenar esforços para que a posição da Ucrânia seja apresentada” na cimeira. Zelensky manifestou também a sua vontade de visitar Espanha e a América Latina.
Uma primeira versão desta informação indicava que os líderes latino-americanos tinham bloqueado o convite de Sánchez a Zelensky para que participasse na cimeira UE-CELAC.
Numa nota enviada às redações, o porta-voz do Presidente da Ucrânia esclareceu que “Zelensky não quis dizer que tinha recebido um convite formal” de Sánchez para a cimeira, uma vez que essa prerrogativa pertence ao presidente do Conselho Europeu.
A cimeira entre a UE e a CELAC vai decorrer nos dias 17 e 18 de julho, no âmbito da presidência espanhola da UE, que tem início este sábado, 1 de julho.