Os resultados das eleições regionais e municipais de domingo fazem antever uma vitória da direita nas eleições antecipadas de 23 de julho, afirma António Martins da Cruz, ex-ministro dos Negócios e antigo embaixador em Madrid.
Em declarações à Renascença, Martins da Cruz avisa que não haverá solução de Governo sem o apoio da extrema-direita.
“É uma probabilidade forte. Houve feudos socialistas, por exemplo, a Estremadura espanhola foi sempre governada por socialistas durante a democracia. Não é o caso agora. A cidade de Sevilha, que deu origem a grandes figuras socialistas espanholas, como Felipe Gonzalez, passou para as mãos do PP. Mas mesmo que ganhe as eleições, provavelmente o Partido Popular vai precisar do Vox [extrema-direita] para formar Governo ou, pelo menos, para ter apoios no Parlamento para poder governar. Se acontecer em Espanha, será uma situação inédita em Espanha e na Península Ibérica, mas não na Europa”, diz o antigo ministro.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, anunciou, esta segunda-feira, a dissolução do parlamento e a antecipação das eleições legislativas nacionais para 23 de julho, depois de o seu partido, o PSOE, ter sofrido uma clara derrota para a direita nas regionais e municipais deste domingo.
"Comuniquei ao Chefe do Estado a decisão de convocar, esta tarde, um Conselho de Ministros para dissolver o Parlamento e convocar eleições gerais. A convocação formal será publicada amanhã, terça-feira, no Diário Oficial do Estado, para que as eleições se realizem no domingo, 23 de julho", afirmou Pedro Sánchez.
Martins da Cruz considera, em declarações à Renascença, que estas eleições antecipadas vão influenciar a presidência espanhola da UE, no segundo semestre do ano.
“É muito raro que haja eleições num país que assume a presidência do Conselho da União Europeia, como a Espanha vai assumir no segundo semestre deste ano. Pelo menos, no começo vai ser uma presidência manca, porque o Governo está em campanha eleitoral e se o PSOE perder as eleições via ser uma presidência, provavelmente, aos solavancos, porque o novo partido não vai estar preparado para de supetão assumir a presidência de uma instituição importante, como a UE”, alerta o antigo embaixador em Madrid.