O secretário-geral do PCP defendeu esta quinta-feira que “é bom que o PS passe das palavras” às ações e apontou a discussão, na sexta-feira, das propostas no parlamento sobre a energia e arrendamento como oportunidades para “emendar a mão”.
Jerónimo de Sousa foi recebido em Carnide, a única das 24 freguesias da capital liderada pela CDU, com o espírito bairrista lisboeta. Houve fado, gargalhadas e até um “furacão”, pela voz de Judite Lino, moradora do Bairro Padre Cruz, na esperança de abanar a campanha autárquica e alargar a influência da CDU ao resto do concelho.
Mas a boa disposição desapareceu quando o dirigente comunista delineou o caminho para a convergência entre PCP e PS.
“O PS tem amanhã [sexta-feira] a oportunidade de emendar a mão, corrigindo as suas anteriores posições. Seja em relação à energia e aos combustíveis, seja em relação às alterações propostas à lei do arrendamento”, sustentou, aludindo às iniciativas que a bancada comunista vai levar a discussão na Assembleia da República.
O secretário-geral do PCP acrescentou que “é bom que o PS passe das palavras aos atos na defesa das populações”, uma referência aos constantes anúncios feitos pelo secretário-geral socialista e primeiro-ministro, António Costa, em relação ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
E Jerónimo de Sousa também disse que António Costa não vai conseguir impedir os autarcas da coligação de apontar o que está mal feito e por fazer pelo país.
“Bem queria o secretário-geral do PS calar os eleitos da CDU quando exigem do Governo aquilo de que as populações precisam. Era o que faltava”, referiu, ladeado pelo candidato da CDU à Câmara de Lisboa, João Ferreira.
Sentados na plateia ou à janela, a partir de casa, foram muitos os que vieram ouvir o secretário-geral do PCP, incluindo de outros locais da cidade.
É o caso de Maria José Aldeia Nova, de 76 anos. É natural de Mirandela, vive “ao pé da Avenida da Liberdade”, mas veio até Carnide para ver, ouvir e apoiar a CDU.
“Gosto da candidatura do João Ferreira e gosto deste presidente da junta, que é um homem muito sério. Tem feito grandes progressos aqui em Carnide, é uma freguesia bonita, limpa”, disse à agência Lusa.
Maria José tem consciência de que vai ser difícil uma vitória na autarquia e, apesar de desejar um executivo maioritário da CDU, vê com bons olhos um acordo entre PS e PCP, como “no tempo do Sampaio”.
“No tempo do Jorge Sampaio já esteve uma coligação PCP e PS e fizeram grandes coisas em Lisboa. Onde a CDU se mete é para fazer coisa boa”, completou.
A Coligação Democrática Unitária (CDU) - composta pelo Partido Comunista Português (PCP), pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) e pela Associação Intervenção Democrática - concorre a 305 câmaras nas eleições autárquicas de 26 de setembro.
Há quatro anos perdeu nove municípios para os socialistas e contabilizou o pior resultado neste ato eleitoral.