Um jovem saudita detido por participar numa manifestação da Primavera Árabe, em 2012, e condenado à morte com 17 anos, foi libertado esta quarta-feira, oito meses após as autoridades sauditas lhe comutarem a pena, anunciou uma organização de direitos humanos.
"Ali Mohamed al-Nimr, que estava detido desde 2012 por participar em manifestações quando era menor de 18 anos e tinha sido condenado à morte, foi libertado hoje", anunciou o grupo de direitos humanos especializado na Arábia Saudita ALQST.
O jovem foi detido durante um protesto contra o Governo sunita wahabita na província xiita de Qatif e acusado, entre outras coisas, de participar numa manifestação ilegal e de insultos ao Rei, segundo a organização de direitos humanos.
Em maio de 2014, Al-Nimr foi condenado à morte por crucificação e, de acordo com denúncias de algumas organizações não-governamentais (ONG), foi vítima de tortura na prisão.
Em fevereiro deste ano, o tribunal saudita encarregado de crimes de terrorismo comutou-lhe a pena capital por outra de dez anos de prisão.
Em abril de 2020, a Arábia Saudita pôs fim, mediante um decreto real, à aplicação da pena de morte a menores de idade, que agora podem apenas ser condenados a um máximo de dez anos de privação da liberdade num centro de detenção juvenil.
A ALQST não precisou se Al-Nimr, que passou nove anos no corredor da morte, obteve a libertação antecipada ou está em liberdade condicional.
Após anos na liderança da lista dos países que aplicam mais sentenças de morte, o reino ultraconservador da Arábia Saudita, depois de realizar reformas jurídicas, reduziu em 2020 o número de execuções em cerca de 85% em relação ao ano anterior, quando foram executados 184 condenados, segundo dados oficiais.