Moçambique. Horas de espera para abastecer nos poucos postos ainda abertos em Maputo
26-12-2024 - 17:11
 • Lusa

Pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro.

Várias dezenas de automobilistas e população tentam esta quinta-feira abastecer num dos poucos postos ainda com combustível na capital moçambicana, com militares a tentar orientar o caos no local, em mais um dia de tensão pós-eleitoral no país.

"Não sei se vou conseguir chegar até lá. Deve acabar antes o combustível na bomba", atirava um automobilista, há mais de uma hora na fila que tomou conta das vias de acesso à praça da Organização da Mulher Moçambicana (OMM), centro de Maputo, enquanto um grupo de militares tentava abrir caminho para, pelo menos, as ambulâncias passarem.

Pela frente tem mais de 20 viaturas, bem como dezenas de populares com garrafões que tentam abastecer diretamente: "Está difícil, está tudo fechado".

Aquele posto de combustível, da Galp, era, ao início da tarde, um dos poucos a funcionar em Maputo já que os poucos que abriram ao início do dia foram fechando, por falta de combustível para venda.

A petrolífera portuguesa foi, de resto, uma das que teve pelo menos uma loja de conveniência saqueada e vandalizada nos últimos dias, nas manifestações pós-eleitorais, nos arredores de Maputo.

Inquieta, praticamente no início da mesma fila na OMM, uma automobilista pedia ao filho para sair e ir a pé tentar encher diretamente gasóleo: "Leva dois garrafões", ordenava, enquanto ficava com o automóvel parado na longa fila, que tornava praticamente intransitável o cruzamento com a avenida Joaquim Chissano.

O centro de Maputo voltou esta quinta-feira a acordar deserto, sem transportes públicos a funcionar, num clima de tensão social após o anúncio dos resultados das eleições gerais moçambicanas, com enormes filas nos poucos estabelecimentos de portas abertas.

Numa ronda pela cidade foi possível constatar que a generalidade das instituições, bancos, empresas, comércios e restaurantes estão fechados e nos raros pequenos supermercados abertos avolumam-se filas de dezenas de pessoas no exterior, a aguardar vaga para entrar.

Moçambique vive o quarto dia de tensão social na sequência do anúncio dos resultados finais das eleições gerais, marcados nos anteriores por saques, vandalizações e barricadas, nomeadamente em Maputo.

Pelo menos 252 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro, metade das quais apenas desde o anúncio dos resultados finais, na segunda-feira, segundo novo balanço feito hoje pela plataforma eleitoral Decide.