A segunda e a terceira maior cidade do Afeganistão caíram nas mãos dos rebeldes talibãs, que continuam a ganhar terreno no país depois da anunciada retirada das forças internacionais.
Kandahar, a segunda principal cidade e importante entreposto comercial do país, foi tomada esta quinta-feira pelos talibãs, já depois da queda de Herat.
O avanço dos talibãs parece imparável. No espaço de uma semana, assumiram o controlo de mais de uma dezena de capitais de distrito no Afeganistão.
A ofensiva acontece numa altura em que os Estados Unidos estão a ultimar a retirada do país, depois de uma intervenção de duas décadas, iniciada após os atentados do 11 de setembro de 2001, contra as Torres Gémeas e o Pentágono.
Enquanto os talibãs avançam no terreno, dezenas de milhares de civis fogem para a região de Cabul, controlada pelas forças governamentais afegãs.
A juntar ao conflito armado em larga escala, as organizações internacionais receiam agora um drama humanitário, com os refugiados internos a concentrarem-se em campos improvisados ou viverem nas ruas, sem-abrigo.
Os combates provocaram a morte a cerca de um milhar de civis no espaço de um mês, de acordo com os dados das Nações Unidas.
A NATO, aliança militar que une os Estados Unidos e a Europa, convocou uma reunião para hoje para analisar a decisão dos Estados Unidos de enviar militares para retirar todo o pessoal diplomático e colaboradores do Afeganistão.
A reunião, que será presidida pelo secretário-geral da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, também chamada Aliança Atlântica), Jens Stoltenberg, está marcada para as 14h00 (hora de Lisboa), avançou a agência francesa de notícias AFP, citando duas fontes diplomáticas.
Em entrevista à Renascença, o major-general Carlos Branco, Investigador do IPRI-NOVA, considera que "é uma questão de tempo" até os talibãs chegarem à capital Cabul.
"Se os talibãs entrarem em Cabul vai ser uma coisa dramática. Correm o risco de ficar numa situação vulnerável, por isso terão de o fazer com muito cuidado", afirma o especialista em assuntos internacionais.
Carlos Branco considera que o sucesso da ofensiva pode ser explicado com o facto de o Ocidente "nunca ter conseguido apresentar um argumento mais forte que o da invasão do inimigo" e uma alternativa aos talibãs.