A exposição “Voltar aos passos que foram dados”, preparada pela Fundação José Saramago, está de passagem por Setúbal, no âmbito das comemorações locais do centenário do nascimento do escritor.
Composta por uma dezena e meia de painéis de grande dimensão, com textos e imagens, esta mostra “faz um convite ao público para uma viagem cultural pela biografia literária de José Saramago, numa descoberta do legado cívico de um dos maiores nomes de sempre da literatura nacional”, revela a Câmara Municipal de Setúbal, em comunicado enviado à Renascença.
Com seleção e composição de textos de Carlos Reis e Fernanda Costa e design do ilustrador André Letria, a vida e obra do homenageado, indica o município sadino, “é dada a conhecer em cinco blocos, concretamente “Saramago, a Obra”, “A Formação do Escritor”, “O Tempo da Estátua”, “O Tempo da Pedra” e “Saramago, Escritor Universal””.
A mostra, redimensionada e readaptada ao espaço expositivo, neste caso, à Galeria Municipal do 11, foi enriquecida com “com obras literárias disponíveis na biblioteca pública e recortes de imprensa”, cumprindo assim, por ler-se, “o desígnio de divulgação e de orientação pedagógica, uma vez que permite um contacto de iniciação com a literatura e o pensamento saramaguianos”.
Entre outubro de 1979 e julho de 1980, José Saramago percorreu o país para escrever “Viagem a Portugal” e no final da obra partilhou: “É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.”
Precisamente, essa afirmação, “Voltar aos passos que foram dados”, acabou por inspirar a exposição preparada pela Fundação José Saramago, e que está agora de visita a Setúbal, no âmbito das comemorações locais do centenário do nascimento do escritor, podendo ser visitada até dia 14 de maio.
A mostra é, de resto, um dos pontos altos do programa destas celebrações, a decorrer ao longo do ano, com cinema, tertúlias, instalações artísticas, concertos, teatro e várias outras atividades evocativas de José Saramago “enquanto escritor e como cidadão com uma marca vincada na sociedade”.
Na abertura da mostra, o presidente do município, André Martins, lembrou que Saramago “esteve por várias vezes na cidade e, pouco tempo após o seu falecimento, a Câmara Municipal de Setúbal decidiu homenageá-lo com a atribuição do nome do Nobel da Literatura a uma avenida da cidade.”
Numa perspetiva mais pessoal, o autarca recordou a personalidade do homenageado pela vivência adquirida no contexto autárquico quando, no final da década de 80, era membro da Assembleia Municipal de Lisboa presidida por José Saramago.
“Ter Saramago aqui connosco, ele que também foi um homem de luta, é algo que nos deixa orgulhosos, sobretudo quando estamos perto de assinalar os 48 anos da Revolução dos Cravos”, sublinhou, ainda, o presidente da autarquia.