Amnistia investiga. Ataques russos podem constituir crimes de guerra
21-03-2022 - 17:23
 • José Pedro Frazão , Rosário Silva

Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, o trabalho em curso vai ser analisado pelo Tribunal Penal Internacional para posterior processo de crimes de guerra imputados ao regime da Rússia.

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A Amnistia Internacional (AI) está a avaliar os vários bombardeamentos das tropas russas nas zonas residenciais na Ucrânia e se estes não incorrem em crimes de guerra.

Apesar de não estar no terreno, o organismo de defesa dos direitos humanos recorre a diferentes fontes e às tecnologias para verificar a veracidade dos acontecimentos.

Em declarações à Renascença, Paulo Fontes, da Amnistia Internacional, dá exemplos de algumas evidências ocorridas nos últimos dias, sobretudo nas cidades mais atingidas.

“As imagens verificadas mostram que o ataque foi feito com ‘dumb bomb’, ou seja, bombas que não são de todo precisas e, para mais, não foi possível identificar um alvo militar legitimo no local ou próximo do local do ataque”, refere o responsável.

Um outro exemplo de uma evidência, menciona Paulo Fontes, “é o ataque em Vuhledar, em que um míssil balístico atingiu um edifício hospitalar, matou quatro civis e feriu mais 10. Até agora, fizemos a análise a mais 11 registos, mas no fundo, é muito este tipo de ataques e de possíveis crimes de guerra”.

Para avaliar a veracidade de todo este trabalho, a Amnistia Internacional já recolheu várias provas, sobretudo testemunhos, para além das imagens, foco importante para perceber o que se passa no terreno.

“Desde imagens de satélite, imagens do terreno, imagens que vão verificar, por exemplo, restos de armas que foram utilizadas, imagens vídeo e fotos de ataques aéreos ou outros, e também as consequências destes ataques e, sempre que possível, estas evidencias são corroboradas por meio de entrevistas, com testemunhos”, assegura.

Para realizar este trabalho, a AI utiliza diversas fontes, “como pessoas ou organizações que estão no terreno, com quem temos contato direto”.

A fonte é, “sobretudo, ucraniana”, mas este organismo recorre também às novas tecnologias, “quando não podemos estar no terreno”.

Segundo a Amnistia Internacional, muito deste trabalho vai, depois, ser analisado pelo Tribunal Penal Internacional para posterior processo de crimes de guerra imputados ao regime da Rússia.