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Não se pode dizer que os idosos em lares tenham sido deixados à sua sorte, refere Henrique Barros à Renascença. Contudo, "o que nós podemos dizer é que não fomos capazes de prevenir aquilo que era fundamentalmente prevenível", reconhece o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
"Há mais de uma década que nós sabemos que os locais onde há confinamentos, particularmente de pessoas – sobretudo do que aprendemos com a preparação da pandemia da gripe – deve saber-se o que fazer e deve haver planos de contingência que devem ser acionados nas alturas apropriadas", indica Henrique Barros. Mas com o caso da pandemia de Covid-19, as coisas não aconteceram como o previsto.
Questionado sobre o que falhou nas ações preventivas, mal foram confirmados os primeiros casos de infeção pelo coronavírus em Portugal, o presidente do CNS diz que "não é necessariamente porque tenha havido laxismo ou porque tenha havido descuido ou porque não se tenham seguido as regras de segurança previstas".
"Basta uma pessoa que tomava conta dos utentes desse lar, assintomática, perfeitamente bem de saúde, ir trabalhar, ou que não tenha sido capaz de reconhecer um outro convivente potencialmente infetado ou que tenha tido a doença e essa pessoa levou a infeção e aí ela pode espalhar-se rapidamente", explica.
Agora, numa fase em que vários lares de idosos da região Norte registam casos positivos entre utentes e funcionários, "é preciso é saber, nos sítios onde aconteceu, porque é que aconteceu, nomeadamente para que não aconteça de jnovo, porque as pessoas que não ficarem infetadas permanecem suscetíveis e portanto não podemos correr o risco de uma segunda vaga de infeção sobre pessoas particularmente tão vulneráveis".
Nesse sentido, Henrique Barros elenca cinco passos essenciais para proteger todos os lares de idosos do país enquanto a pandemia de Covid-19 durar. De acordo com o especialista, é preciso:
- identificar as pessoas que estão sintomáticas, sabendo que as pessoas mais velhas têm muito menos sintomas e portanto a regra geral tem de se aplicar com muito cuidado;
- fazer o maior número de testes possível. É uma situação em que é muito importante testar, para ter a certeza que podemos separar as pessoas, que não estarão a transmitir a infeção das pessoas que estão infetadas que são, potencialmente e muito seguramente, transmissoras de infeção.
- Tratar claramente as pessoas infetadas, sabendo que elas correm um risco muito alto de doença grave;
- garantir que os fluxos de entradas e saídas dos locais onde elas estão contidas são controladas, ou seja, que não há passagem de infeção para a comunidade nem a comunidade leva a infeção, o que quer dizer fim de visitas, controlo dos funcionários, etc.
- se não for possível fazer essa separação nos espaços físicos onde as pessoas estão, elas têm de ser realocadas para outros espaços. Podem ser espaços públicos semelhantes ou, em último caso, espaços como hotéis ou residências que estejam disponíveis."
Casos confirmados de infeção em Portugal por faixa etária