Ainda não eram oito da noite e já o Santuário de Fátima tinha fechado duas das oito entradas do recinto. No lado de fora sentia-se a agitação para conseguir garantir um lugar e assim viver de perto a Celebração da Palavra, presidida por D. José Tolentino Mendonça.
Oito e meia da noite, uma hora antes do início da celebração, todos os pontos de entrada estavam encerrados. Os peregrinos começaram por procurar os locais onde se conseguia ver qualquer coisa do recinto.
Verónica Santos está atrás da Basílica da Santíssima Trindade. Não gostou do que viu quando ali chegou. “Aqui acabam por se juntarem mais pessoas, estão mais colocadas umas às outras. Acho que há mais ajuntamentos.” Esta peregrina acaba por lamentar que o Santuário de Fátima não tenha pensado nos que ficavam fora do recinto. “Poderiam ter pensado em ecrãs gigantes, um melhor sistema de som. Proporcionar às pessoas para se recolher poder desfrutar.”
Opinião semelhante tem Neuza Ferreira. Veio de propósito da Suíça para fazer a peregrinação a Fátima, desde Carregal do Sal. “Gostava muito de poder assistir à celebração das velas. Assim de longe não conseguimos ver nada.”
Não de tão longe, de Barcelos, veio uma família de três pessoas. Descontentes, acabaram por ir para o hotel ainda antes da celebração começar. “Os ecrãs que estão lá dentro podiam ter posto cá fora ou então colocar um sistema de som. Isso é que nos deixa um pouco revoltados. Há pessoas que estão aqui com os telemóveis a ouvir o que se está a passar porque não conseguem escutar nada do que se passa lá dentro. E está tudo ao monte aqui fora”, sublinha um dos membros da família, que acaba por adiantar que para a missa final vem mais cedo.
“Vamos agora embora mais cedo para acordar às sete da manhã e virmos para aqui, mas acho que não vamos conseguir, não há hipótese. Há gente que vai ficar aí, porque hoje havia pessoas que às quatro da tarde deixavam mochilas nos círculos para reservar o lugar.”
Noutro ponto de entrada, outro peregrino, Manuel Irra, chegou às oito da noite e já não conseguiu entrar. Concorda com o número estipulado pelo Santuário, mas faz notar que do lado de fora as pessoas têm alguma dificuldade em cumprir a distância de segurança. “Não há nada mais seguro do que estar distante, mas não se verifica isso. Depende das pessoas”, sublinha.