A realização da final da Liga dos Campeões em Lisboa é uma excelente oportunidade para o país, e também responsabiliza os lisboetas a evitarem comportamentos de risco.
Miguel Poiares Maduro, ex-presidente do Comité de Governação da FIFA, diz que se trata de “uma decisão extraordinariamente positiva para Portugal”
Contudo, admite se trata de um momento “um pouco agridoce, desde logo porque este é um momento ainda complicado em termos do número de casos” de Covid-19.
“Eventos desse género e a possibilidade de – independentemente de poder existir público ou não nos estádios – trazer pessoas para Portugal é muito positivo e é sobretudo do ponto de vista externo a melhor propaganda e a melhor publicidade que o turismo português poderia ter nesta fase”, diz, à Renascença.
Apesar da região de Lisboa ser precisamente a que apresenta sinais mais preocupantes em termos de coronavírus nesta fase, Miguel Poiares Maduro diz que “nem o Governo português, nem a UEFA, nem os clubes permitiriam a possibilidade da realização do evento em Portugal, não estivessem tranquilos quanto à evolução a pandemia”.
“É isso que espero que aconteça e creio que todos nós em Portugal esperamos que aconteça e acho que também é um incentivo adicional para todos nós portugueses atuarmos cada vez com mais responsabilidade. Acho que isso tem de ser visto como um incentivo muito importante para todos os portugueses, em particular em Lisboa, terem um comportamento responsável para o país não correr o risco de perder esta oportunidade se a situação se agravar em Portugal.”
Também Daniel Sá, diretor do Instituto Português de Administração e Marketing, recebe a notícia da melhor maneira e diz que espera dois tipos de impacto “extraordinariamente positivos”.
“O primeiro é que de facto estamos a falar de sete jogos e vários dias de competição, mesmo sem público, estamos a falar de uma operação de vários dias e muitas centenas ou milhares de pessoas que envolvem este tipo de organização, para além das comitivas e das equipas. O segundo impacto, a longo prazo, é que isto é provavelmente a melhor campanha publicitária que Portugal poderia ter para dizer ao mundo que estamos saudáveis e preparados para reiniciar a nossa economia. Essa é valiosíssima, mas não nos podemos esquecer que a final da Champions é a competição de clubes mais vista no mundo, por isso vamos ser o palco do mundo durante vários dias”, afirma.
Em termos de encaixe financeiro, Daniel Sá aponta para cerca de 10 milhões diretos pelo evento em si. “Admitindo um cenário sem público estamos a falar sempre de um valor de no mínimo dez milhões de euros, o que na verdade é um impacto reduzido. Mas não nos podemos esquecer que para além das oito equipas há um staff muito grande da própria UEFA, na operacionalização, na parte dos patrocinadores.”
“O primeiro sector a ser beneficiado é a hotelaria e o segundo é a restauração. Depois há os serviços de transporte, serviços ligados à ativação de patrocínios, de agências publicitárias”, diz, acrescentando que “estamos numa fase em que todas as marcas querem reconquistar a confiança das pessoas e esta é uma enorme prova de confiança.”
A UEFA anunciou esta quarta-feira a decisão de realizar a fase final da Champions em Lisboa, com a final a realizar-se no Estádio da Luz.