Como funciona o visto automático para imigrantes da CPLP?
20-02-2023 - 07:55
 • André Rodrigues

Portugal vai passar a conceder autorização de residência automática a imigrantes de países de língua portuguesa. Nos últimos dois anos, de acordo com a plataforma online do SEF, cerca de 150 mil pessoas da CPLP manifestaram interesse em vir para Portugal.

Portugal vai conceder autorização de residência automática para os imigrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O processo vai permitir a regularização de milhares de imigrantes que nos últimos dois anos manifestaram interesse em obter autorização de residência em Portugal.

Como funciona?

Esta concessão automática de vistos vai durar um ano e vai facilitar a entrada em Portugal de imigrantes de países de língua oficial portuguesa, no âmbito do acordo sobre mobilidade entre Estados da CPLP. É um mecanismo equivalente ao que está previsto para os refugiados ucranianos que chegaram a Portugal.

Quem pretenda obter essa autorização automática de residência deve requerer o certificado digital, que tem um custo de emissão de 15 euros.

O que está na base desta decisão?

O novo regime de entrada de imigrantes em Portugal, que vigora desde novembro do ano passado - e que já prevê aos imigrantes da CPLP um acesso facilitado à emissão de vistos no país.

De resto, de acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), nos últimos dois anos, cerca de 150 mil imigrantes da CPLP manifestaram interesse em vir para Portugal através da plataforma online de pré-agendamento para obtenção de visto.

Depois do pedido de autorização, o que se segue?

Há um primeiro contacto com o candidato ao visto através da respetiva plataforma online do SEF. Uma vez validado o pedido, os imigrantes serão legalizados ao abrigo deste novo regime e não precisam de se deslocar presencialmente aos serviços. O visto digital ser-lhes-á enviado e poderão exibi-lo facilmente a partir de qualquer dispostivo eletrónico.

Dados do SEF indicam que a população estrangeira a residir legalmente em Portugal aumentou no ano passado pelo sétimo ano consecutivo. São quase 760 mil pessoas, registando-se os maiores crescimentos entre as comunidades brasileira e indiana.

Há unanimidade quanto à medida?

Não. Ainda antes de ser conhecida esta decisão do Governo, já o presidente da Câmara de Lisboa tinha defendido, precisamente em entrevista à Renascença, a recuperação dos chamados contingentes de imigrantes.

Carlos Moedas diz que a vinda dos imigrantes para Portugal dependeria da existência prévia de um contrato de trabalho no país.

Declarações de Moedas que surgiram dias depois do incêndio na Mouraria...

E a polémica ganhou dimensão com a intervenção do Presidente da República. Marcelo pediu bom senso face às declarações que disse serem demasiado emocionais, feitas em cima de casos e correndo o risco de serem irracionais.

Carlos Moedas não tardou em responder, afirmando que, em matéria de imigração, não aceita "lições de ninguém".