O Presidente da República admitiu hoje que primeiro-ministro quis "mexer o menos" possível no Governo, mas prometeu que retirará as suas conclusões se a remodelação governamental com "prata da casa" não funcionar.
À chegada do Brasil, Marcelo Rebelo de Sousa comentou a mudança no executivo, anunciada na segunda-feira, considerando que é a que "mexe menos" no Governo, dá "continuidade às mesmas politicas", dado que a nova ministra da Habitação, Marina Gonçalves, já era secretária de Estado, e o novo ministro das Infraestruturas conhece bem "o antigo ministro", Pedro Nuno Santos.
"O critério é: fazer com a prata da casa para não mexer naquilo que existia", afirmou Marcelo aos jornalistas pouco depois de aterrar no aeroporto de Lisboa, vindo de Brasília, onde assistiu à posse do novo Presidente do Brasil, Lula da Silva.
"Vamos ver. Se isso funcionar é boa ideia. Se não, retiraremos daí as conclusões", afirmou o Presidente, sem adiantar a que tipo de conclusões se refere. .
Em declarações captadas pelas televisões, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu ainda que, se esta remodelação não resultar, "isso recairá sobre o primeiro-ministro", António Costa.
O Presidente evitou pronunciar-se sobre os pedidos dos partidos da oposição, como o PSD, que defenderam a saída do ministro das Finanças, Fernando Medina. .
O primeiro-ministro escolheu na segunda-feira os atuais secretários de Estados João Galamba e Marina Gonçalves para as funções de ministro das Infraestruturas e de ministra da Habitação, respetivamente, para substituir Pedro Nuno Santos, que tinha as tutelas até à semana passada.
Pedro Nuno Santos demitiu-se na sequência do caso da indemnização de 500 mil euros da TAP a Alexandra Reis, secretária de Estado do Tesouro, demitida dias antes, para deixar a transportadora aérea.
Interrogado, ainda no Brasil, se ficou satisfeito com as declarações de António Costa e se as mudanças anunciadas no Governo põem fim à crise política, o Presidente respondeu que nessa altura estava no Itamaraty e que de qualquer forma não iria comentar as suas palavras.
"Mas penso que o primeiro-ministro terá dito que a razão fundamental da divisão em dois ministérios era óbvia: dar maior importância à habitação", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Por outro lado, segundo o Presidente da República, o primeiro-ministro "terá explicado que a solução adotada quanto aos dois ministérios, à chefia dos dois ministérios, tinha a ver com aquilo que correspondia mais à continuidade da política, e à continuidade administrativa e, portanto, à preocupação de não criar ruídos políticos e administrativos dentro do Governo".