O briefing do Conselho de Ministros desta quinta-feira foi cancelado devido ao mau tempo. Num curto comunicado enviado às redações, a presidência do Conselho de Ministros informa que a decisão foi tomada "face às condições meterológicas" que estão a fazer-se sentir de norte a sul de Portugal continental desde a madrugada.
Entre a meia-noite e as 15h00 de hoje, a depressão Aline provocou pelo menos 1.736 ocorrências, sobretudo inundações em habitações, estradas, lojas, garagens e caves, com vários serviços a encerrarem nas últimas horas devido à chuva e vento fortes. Não há registo de vítimas para já.
Do total de ocorrências, 90% concentraram-se nas áreas metropolitanas de Porto e Lisboa. Entre as 12h e as 13h, "a área mais afetada foi Lisboa, sendo que a Grande Lisboa contabilizou 155 ocorrências, seguida do distrito de Setúbal com 67 ocorrências", disse o comandante Elísio Pereira, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), à agência Lusa.
Com a passagem da Aline, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê para esta quinta-feira ventos que podem chegar aos 110 km/h. Todos os distritos do continente estão sob aviso laranja. O arquipélago dos Açores está sob alerta amarelo para amanhã.
Grande Lisboa uma das mais afetadas
Em Lisboa, o presidente da Câmara Municipal, Carlos Moedas, esteve esta tarde no Centro de Coordenação Operacional Municipal, em Monsanto, para acompanhar o evoluir da situação.
Segundo Carlos Moedas, num balanço no Centro de Coordenação Operacional Municipal, no Monsanto, foram registadas 210 ocorrências devido ao mau tempo, das quais “só já estão 70 ativas”.
Em comunicado, a Presidência da República diz que Marcelo Rebelo de Sousa está "a acompanhar com particular atenção, [a partir] da Bélgica, onde termina hoje a visita de Estado, as ocorrências causadas pela passagem da depressão Aline".
"O Presidente da República manifesta a sua preocupação e solidariedade aos cidadãos afetados, apelando a todos que adotem os devidos comportamentos e medidas necessárias de proteção, muito agradecendo aos agentes de proteção civil, que, de forma incansável, têm contribuído para mitigar a atual situação", lê-se no site da presidência.
O Metro de Lisboa está a registar perturbações na sequência do mau tempo, com a Metropolitano a indicar na rede social X (ex-Twitter) que "durante o dia poderão ocorrer outros constrangimentos com impacto no funcionamento do serviço".
Em Sintra, a sociedade Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) decidiu encerrar todos os monumentos que gere na serra por precaução, após ter registado a queda de algumas árvores durante a noite.
“O Parque e Palácio Nacional da Pena, o Castelo dos Mouros, o Convento dos Capuchos e o Parque e Palácio de Monserrate estarão encerrados esta quinta-feira", indica uma nota publicada no site da PSML. O Palácio Nacional de Sintra e o Palácio Nacional de Queluz mantêm-se a funcionar normalmente para já.
Os bilhetes que já foram comprados podem ser utilizados em quaisquer outras datas, à exceção dos bilhetes para visitas ao Palácio da Pena, que "poderão ser reembolsados mediante contacto através do formulário", é acrescentado na nota publicada na página da PSML na Internet.
Cinco pessoas foram também retiradas de casa devido a inundações na baixa de Frielas, em Loures, um concelho que foi também afetado por queda de árvores, sem causar vítimas, segundo o presidente da Câmara, Ricardo Leão.
No concelho registaram-se algumas ocorrências de quedas de árvores devido ao vento forte, “com algum ou outro caso mais complicado, que fica agora para as companhias de seguros resolverem”, mas sem prejuízos graves de bens ou vítimas humanas.
Uma saída do IC19, na zona de Massamá, está cortada devido a inundação. Ainda no concelho de Sintra, foi entretanto encerrada a Escola Secundária de Mem Martins, devido à inundação dos acessos às salas de aula, provocada pela intensa chuva durante o final da manhã, informou uma adjunta da direção do estabelecimento.
“Estamos à espera que a Parque Escolar, que é responsável pela parte das instalações, envie alguém para desobstruir o sistema de escoamento de água”, explicou a professora Sandra Silva, estimando em “cerca de 700 os alunos” afetados pelo fecho do estabelecimento de ensino durante a tarde.
Em Sines, a atividade no porto está condicionada, não sendo possível aos navios atracarem. Fonte da autoridade portuária diz que todas as embarcações vão permanecer ao largo até novas indicações.
Entretanto, em Coimbra, pelo menos uma escola básica teve de ser encerrada por precaução na sequência de uma inundação, com a Proteção Civil a aconselhar os mais de 200 alunos a regressarem a casa.
A informação foi revelada à Lusa por fonte da Câmara Municipal de Coimbra. A Escola Básica 1 Quinta das Flores vai continuar encerrada na sexta-feira, para que os meios possam resolver a infiltração que provocou a inundação, explicou a vereadora da Educação da Câmara, Ana Cortez Vaz.
Da mesma forma, também escolas na Marinha Grande e na Póvoa de Varzim tiveram de ser encerradas devido ao mau tempo.
A Escola Secundária José Loureiro Botas, em Vieira de Leiria, fechou devido a uma inundação, indicou à Lusa o presidente da Câmara, Aurélio Ferreira, adiantando que os cerca de 300 alunos foram para casa.
Dois túneis do concelho (Santos Barosa e Estrada dos Guilhermes) também inundaram, tendo um carro ficado submerso. "Não há vítimas", adiantou Aurélio Ferreira, referindo, pelas 14h, que o túnel da Estrada dos Guilhermes tinha reaberto.
Na Póvoa de Varzim, outra inundação forçou o encerramento da escola Cego do Maio, forçando os cerca de 600 alunos a regressar a casa por questões de segurança. Ainda não se sabe quando é que esta escola poderá reabrir, após "infiltrações de água em alguns espaços da escola que afetaram a instalação elétrica", como indicou o responsável da Câmara com o pelouro da Educação.
A Linha de Vouga encontra-se cortada entre as estações de Bemposta e Oliveira de Azeméis.
O Hospital de Vila Nova de Famalicão também sofreu inundações que estão a afetar os serviços de medicina e reabilitação, imagiologia e o hospital de dia. Algumas consultas de medicina física e reabilitação foram canceladas, avança uma fonte do hospital à Lusa. Os utentes do hospital de dia tiveram de ser reencaminhados para o Hospital de Santo Tirso para realizarem os tratamentos.
Uma travessia sobre o ribeiro de Teixeiró, no concelho de Baião, ruiu durante a noite devido ao mau tempo, obrigando ao corte de uma estrada por tempo indeterminado, afirmou o vice-presidente da câmara.
Guimarães também já registou dezenas de ocorrências, nomeadamente inundações, indicou a Proteção Civil local.
De acordo com a diretora do Departamento de Ambiente e Sustentabilidade da Câmara, "não há feridos nem danos maiores a registar" no concelho. Contudo, a queda de um muro terá danificado uma habitação na zona de Pevidém, situação que está a ser avaliada pelos serviços municipais.
Além disso, indica Dalila Sepúlveda, há a registar a derrocada de uma estrada na freguesia de São Torcato e a inundação de quarta-feira à noite na central de camionagem local. Os serviços municipais procederam a trabalhos de limpeza no local para que tudo estivesse operacional esta manhã, indica a mesma fonte.
O mau tempo também provocou novas infiltrações no Coliseu do Porto, levando ao adiamento do concero de Mayra Andrade que estava agendado para esta noite.
A Sons em Trânsito e o Coliseu Porto Ageas anunciaram em comunicado que, "devido às condições meteorológicas adversas que assolam o nosso país, e em particular a cidade do Porto, o concerto de Mayra Andrade agendado para hoje, 19 de outubro, será adiado".
[atualizado às 17h52]