São tempos marcados pela instabilidade dos mercados: com subida da inflação, a subida das taxas de juro, a subida do preço da energia, dos combustíveis e dos alimentos. Um quadro que leva milhares de famílias a antecipar eventuais problemas financeiros. Cerca de 10 mil agregados, a maior parte tem rendimentos que se ficam por dois salários mínimos, já pediram informações ao Gabinete de Proteção Financeira da DECO.
Querem saber como podem fazer face ao que aí vem, nomeadamente no que toca ao aumento das taxas de juro e o reflexo que isso pode ter nas prestações a pagar mensalmente ao banco.
À Renascença, a coordenadora do gabinete de proteção financeira refere que “as famílias já começam a ter a consciência de que a sua prestação de crédito à habitação vai aumentar e a sua preocupação é saber qual vai ser esse aumento e se vão ter ou não capacidade para o suportar e não tendo essa capacidade o que é que podem fazer”.
Natália Nunes esclarece que grande parte das famílias que batem à porta do gabinete de proteção financeira da DECO, tem rendimentos baixos.
“No total, 76% das famílias nos pediram ajuda têm no máximo até dois salários mínimos nacionais, portanto, estamos a falar de agregados com baixos rendimentos, sendo que 20% delas estão em situação de reforma”, realça.
É importante fazer contas
Face às dificuldades que muitas famílias já estão a viver, esta especialista diz ser preciso começar a fazer contas.
“É ver qual é que é o peso que as suas prestações com o crédito têm no seu orçamento familiar. Já sabem que se a prestação com o crédito representar 35% do seu rendimento mensal, eu diria que há aqui já uma campainha tocar e de certa forma a alertar a família de que tem de adotar medidas urgentemente”, alerta.
E o que deve uma pessoa fazer, assim de forma tão urgente? Natália Nunes aconselha a “tentar com a instituição de crédito obter uma simulação para a previsão da alteração da prestação aquando da revisão da Euribor. Para quê? Para que depois a família possa olhar para essa simulação, olhar para o seu orçamento familiar, para aquilo que são as suas despesas, as suas receitas e verificar se tem ou não possibilidades de suportar aquela prestação”.
Renegociar o crédito
Também é nesta fase que é preciso prestar atenção ao spread que está a pagar, ou seja, saber qual é a margem de lucro que o banco tem com o seu empréstimo e quem sabe se não haverá margem para negociar:
“Se tiver um spread de 1% ou abaixo de 1% eu diria que é um spread que dificilmente conseguirá melhorar. Agora se o seu spread for superior a 2 ou 3%, existe aqui ainda uma margem para tentar renegociar este spread e deve começar por fazê-lo junto da própria instituição. Isto não é fácil para o consumidor e é importante que o consumidor faço o exercício de ver junto de outras instituições qual é o spread que lhe apresentam”, elucida.
E já que está no banco a negociar, é importante pedir uma simulação para saber qual a taxa que lhe poderá trazer mais vantagens: a variável ou a fixa.
“Historicamente nós vemos que a taxa variável continua a ter mais vantagens para a família. De qualquer forma para aquelas famílias que gostam de ter uma certeza relativamente ao valor da prestação, seja agora seja daqui a 5, 10 anos, então a opção deve passar por uma taxa fixa”, aconselha.
Atenção nas idas ao supermercado
Face ao aumento do custo de vida, também é importante ser disciplinado quando for ao supermercado, antes de mais. Natália Nunes defende que a lista de compras tem de ser feita com antecedência.
“Não deve ser feita cinco minutos antes de ir para as compras, deve-se definir previamente o dinheiro para gastar nessas mesmas compras, quando for para as compras deve ir com algum tempo para poder fazer a comparação de preços no estabelecimento, no estabelecimento é quase que obrigatório cumprir a lista de compras e não se deixar seduzir pelas promoções”, aconselha.
Também nunca deve ir ao supermercado com fome, para não encher o carrinho com alimentos que não tinha pensado comprar.
Em caso de dificuldades financeiras não se deve deixar arrastar a situação, o melhor é pedir logo ajuda.