Maria João Pires está internada após uma queda grave na Letónia. A artista, de 77 anos, deveria encerrar o Festival de Música Jurmala, em Riga, no domingo. A notícia foi primeiro avançada pela RTP e pela SIC.
O comunicado oficial foi feito no domingo, na altura em que a portuguesa deveria fazer a sua apresentação, pelo o diretor executivo do evento, Zane Čulkstena, e o diretor artístico, Martin Engstroem, segundo os quais a pianista terá caído numa rua da capital da Letónia, durante a tarde e estava no hospital a recuperar de uma condição que ambos descreveram como "bastante séria".
Os dois responsáveis anunciaram então o pianista que iria substituir Maria João Pires no programa: o japonês Mao Fujita, que tinha duas vezes no festival – um recital a solo e outro acompanhando Marc Bouchkov –, tendo acabado por repetir em grande parte o seu programa do dia anterior.
Maria João Pires caiu no domingo, diz a revista especializada "Opera News", citada pela agência Lusa. O acidente foi considerado "muito grave", segundo fonte familiar ao "Expresso".
Maria João Pires é também um dos principais nomes da Temporada Gulbenkian de Música 2021-2022, anunciada na semana passada.
"Um exemplo de excelência"
No ano passado, o Presidente da República agraciou Maria João Pires com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. "É um exemplo de excelência de Portugal", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Maria João Pires nasceu em Lisboa, em 23 de julho de 1944. É a mais internacional e reputada das pianistas portuguesas, com um percurso artístico que remonta a finais dos anos 1940, quando se apresentou pela primeira vez em público, aos quatro anos.
Entre os prémios conquistados pelo talento artístico contam-se o primeiro prémio do concurso internacional Beethoven (1970), o prémio do Conselho Internacional da Música, pertencente à UNESCO (1970), e o Prémio Pessoa (1989).
A pianista criou em 1999 o Centro Belgais para o Estudo das Artes, em Escalos de Baixo, Castelo Branco, um projeto educativo, pedagógico e cultural, com impacto na região, que chegou a ter o apoio do Ministério da Educação. Dez anos depois, em 2009, o centro encerrou alegando na altura uma "difícil situação económico-financeira".
Mais tarde, o projeto foi renovado e reativado como Centro de Artes de Belgais, disponibilizando retiros musicais, espaço para atuações e oficinas de música. Há ainda uma valência de alojamento e de produção de azeite, como se lê na página oficial.
[Notícia atualizada às 13h40 com novas informações e correção do dia em que a pianista caíu]