Na casa e na escola, ou só em casa. Na educação especial há uma multiplicidade de casos, analisados individualmente, que levam a que cada aluno tenha um acompanhamento adequado às suas necessidades educativas. No Agrupamento de Escolas de Gouveia, cerca de 40 estudantes do total de uma centena que frequenta a Educação Especial, têm aulas em regime misto, entre o online e o presencial.
É na presença física da professora Maria Dulce, que Dalinda, 8 anos, aprende as sílabas. Mas nem o facto de visitar a escola para aprender, a anima a ela e à colega Maria, de 9 anos. “É muito chato, eu oiço falar nas notícias sempre a repetir o mesmo, há casos, há casos”, diz prontamente Dalinda, interrompida pela amiga Maria. "Vêm poucos meninos à escola, tem poucas crianças”, aponta para a área de recreio vazia.
Mais precisamente 40 alunos da Educação Especial, no Agrupamento de Escolas de Gouveia, estão em regime misto, ou seja, parte dos conteúdos são lecionados na escola. “Tentamos capacitar os alunos de conhecimentos para trabalhar em regime de ensino à distância, que foi o que aconteceu no ano passado, o que nos conferiu muita experiência para reagirmos com naturalidade. Mantemos o regime de ensino à distância e um misto: há meninos que vêm à escola e posteriormente têm ensino online, depois temos outros que estão apenas online, e uma pequena franja a quem se enviam as tarefas, porque é difícil chegar em regime à distância”, revela a professora de Educação Especial.
Maria Dulce tem mais de 30 anos de atividade profissional e, por isso, não tem dúvidas ao afirmar que “o ensino online que não dá resposta a todas as necessidades educativas".
"Não é fácil, foi uma situação que nos surpreendeu. As tecnologias têm crescido na sua importância, nas nossas vidas, mas não há nada que substitua a presença de um professor em contexto escolar, nomeadamente na área das necessidades educativas especificas”, acrescenta a professora de Educação Especial, de 56 anos.
A professora é também coordenadora da Educação Especial e da EMAEI (Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva) do Agrupamento de Escolas de Gouveia, e salienta terem existido “as devidas adaptações curriculares”, mas do seu ponto de vista “não tem o mesmo resultado do que o regime presencial. "Não tem nada a ver”.
E insiste nas consequências a longo prazo. “Há imensas competências que estão a ser perdidas, as competências sociais, dos afetos, interação e presumo que vai ficar marcado por algum tempo. Não queremos adultos solitários, deprimidos, mas sim, felizes. E a escola é responsável por esse desenvolvimento”, defende.
Elogiando o apoio dos encarregados de educação, a docente realça ainda a colaboração do município local. “A escola e o município apetrecharam estes meninos com equipamento informático, e a autarquia garante o transporte e as refeições”.
Mas, ainda assim, a professora de Educação Especial mostra as lacunas do ensino à distância. “Há um trabalho prático associado à vertente teórica que é imprescindível e neste contexto é muito difícil fazê-lo". Embora a Secundária seja escola de acolhimento, também outros espaços escolares do concelho têm aberto as portas, para responder às necessidades (a escola de S. Paio, Melo e Vila Nova de Tazem).
O Agrupamento de Escolas de Gouveia tem 1200 alunos, uma centena frequenta as aulas de Educação Especial. E aos 8 anos, Dalinda, resume o porquê de gostar tanto desta escola. “Porque a escolinha é muito bonita”, conclui.