O mundo pula e avança e o 5G, os carros voadores e novas aplicações na área da saúde poderão estar a poucos anos de entrar no nosso quotidiano. Nestes quatro dias de Web Summit, que terminou esta quinta-feira, em Lisboa, também ouvimos falar muito dos nossos dados e de como podemos fazer dinheiro com eles.
1 - O dinheiro não está morto, mas a banca tradicional está estagnada
A conferência marcada para o palco central intitulava-se “O dinheiro está morto, o que vem a seguir?” e juntou líderes de empresas tecnológicas na área financeira. Nikolay Storonsky, da Revolut, que se apresenta como uma alternativa aos bancos tradicionais, foi um dos que marcou presença, ao lado de Anne Boden do Starling Bank, um banco digital, e Zach Perret, da Plaid, uma empresa tecnológica financeira. A conclusão de todos é que o dinheiro não está morto, mas o setor está diferente. Concluíram ainda que a banca tradicional pouco mais faz do que copiar as tecnológicas financeiras e que a inovação no setor está muito dependente da regulação.
2 - Podemos ganhar dinheiro com os nossos dados
Esta foi uma das ideias fortes de uma das estrelas do evento, Brittany Kaiser, a denunciante do escândalo Cambridge Analytica. A ativista não defende uma limitação restritiva dos dados que podem ser recolhidos, pede sim transparência absoluta. “Se me derem 25% de desconto no pequeno almoço não me importo de partilhar os meus dados”, afirmou, em conferência de imprensa, notando que a revista “The Economist” olha para os dados pessoais como o “novo petróleo”.
Kaiser notou que já há uma série de projetos apostados na monetarização da cedência de dados, que beneficiam toda uma indústria mas que não dão nada a quem produz, os utilizadores. Um dos exemplos é o browser Brave: o diretor executivo da empresa-mãe, Brendan Eich (o criador do JavaScript), explicou noutra conferência o modelo de negócio que defende para terminar com o “capitalismo tóxico de vigilância” da Google e do Facebook. Através de criptomoedas, os utilizadores são pagos por aceitar a visualização de anúncios, podendo limitar a quantidade e vetar marcas com as quais não se identificam “capitalismo tóxico de vigilância”:
3 - Os carros voadores estão ao virar da esquina
A Lilium Aviation diz que, em 2025, poderá ter em operação um carro voador elétrico com autonomia para 300 quilómetros, que atinge uma velocidade de precisamente 300 quilómetros por hora. O objetivo da empresa, que emprega 400 pessoas, é que, num futuro próximo, poderemos trabalhar na cidade mas viver no campo. O Lilium Jet é uma espécie de helicóptero sem pás, com capacidade para cinco pessoas e com tecnologia que permite voos na vertical.
Manik Gupta, responsável de projetos da Uber, revelou que a empresa continua empenhada em apostar nos carros voadores, prometendo para 2020 uma primeira experiência com estas viaturas. Ou seja, o que parece um cenário de ficção científica pode ser realidade mais depressa do que se poderia pensar.
4 - O 5G pode ser a quarta revolução industrial
A Internet mudou o nosso mundo em poucos anos mas, na opinião de Ronan Dunne, presidente executivo da Verizon, operadora de telemóveis norte-americana, o 5G será mesmo a quarta revolução industrial. O responsável explicou que tecnologias que já existem – como a realidade virtual ou a realidade aumentada – podem ser muito mais rápidas e que a possibilidade de recolher um volume de dados dez vezes maior pode fazer a diferença e permitir, por exemplo, que um carro autónomo trave a tempo e evite acidentes.
Também Guo Ping, o presidente executivo rotativo da Huawei, disse na Web Summit que a quinta geração móvel vai mudar o mundo e "crescer mais rapidamente do que o esperado". A tecnologia não se vai aplicar apenas ao entretenimento, mas também a serviços na área da saúde, entre outros.
5 - Mamografia que prevê o cancro está a caminho
A Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, está a desenvolver uma mamografia que prevê o cancro, utilizando inteligência artificial. “Muitos profissionais têm medo das máquinas, mas essa barreira tem de ser ultrapassada e acabar, para dar lugar à verdade”, defendeu Constance Lehman, radiologista e professora da Faculdade de Medicina de Harvard. A especialista ressalvou que caberá na mesma aos médicos aceitar o diagnóstico da máquina e definir o tratamento a ser aplicado.