O presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia, Paulo Macedo, diz estranhar o anúncio feito, esta terça-feira, pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco.
Na Escola da Guarda, em Queluz, à margem da cerimónia de entrega de equipamentos e viaturas para a Guarda Nacional Republicana (GNR) e de equipamento para os polícias portugueses destacados para os Jogos Olímpicos, a governante prometeu aumentar o policiamento não só em Lisboa e Porto, mas um pouco por todo o país, apontando para um total de 800 agentes apeados na rua.
Paulo Macedo assegura ser um plano “difícil” de concretizar.
“Nós estranhamos esse comentário porque, na realidade, só conseguimos colocar esse número de polícias na rua se eles saírem da Escola Prática de Polícia, coisa que se afigura difícil porque a profissão continua sem ter atratividade. Esses polícias não surgem por decreto. Acontece que não há polícias suficientes a sair da Escola Prática de Polícia”, aponta à Renascença.
O presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia sublinha o que diz ser a falta de efetivos, exemplificando com recentes colocações de agentes.
“Cerca de um terço dos polícias que agora terminaram o último curso da Escola Prática foram alocados à fronteira aérea, nos aeroportos. Os restantes polícias que estão a ser alocados às esquadras não são suficientes para substituir aqueles que já deveriam estar na pré-apresentação. Não conseguimos entender de que forma isso poderá suceder. Não estamos a ver como é que o Governo vai colocar 800 polícias nas ruas”, declara.
“Se circularmos na cidade de Lisboa, o que vemos são elementos da Polícia Municipal, não pertencem à PSP. Na PSP o que vemos é elementos a efetuar serviços em postos fixos, embaixadas ou instalações, mas não prestam segurança à populações”, acrescenta.
Paulo Macedo critica ainda os “baixos ordenados e as despesas avultadas” que fazem com que muitos polícias não aceitem deslocar-se para as grandes cidades.
Por outro lado, Paulo Macedo reclama a atribuição de “um suplemento de missão justo, em paridade com a Polícia Judiciária”.
O Sindicato dos Profissionais da Polícia foi um dos quatro sindicatos que não chegaram a um entendimento com o Governo, nas negociações de dia 09 de julho, quanto à atribuição de um aumento de 300 euros no suplemento de risco, valor a ser pago de forma faseada.