Em jeito de balanço, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre admite que a situação "tem vindo a piorar em todo o mundo" e que se agravou por causa das consequências da pandemia.
Aponta ainda o dedo aos grupos terroristas, reconhecendo que a violência é "cada vez mais visível no mundo islâmico".
Estes avisos constam do próximo Relatório sobre Liberdade Religiosa que vai analisar o período entre o final de 2018 e a atualidade.
Mesmo assim, no que se refere aos cristãos - a comunidade religiosa mais perseguida em todo o mundo - o ano de 2020 não foi tão negro como o anterior, sublinha a diretora do secretariado português da AIS.
Catarina Martins Bettencourt admite que "no ano de 2020 não houve tantos ataques contra a comunidade cristã e outros grupos religiosos comparativamente com 2019. No entanto, há muita perseguição, discriminação que permanecem ocultas e que a comunidade internacional tem prestado muito pouca atenção".
Esta responsável acrescenta ainda que "atualmente os cristãos estão expostos a um ataque radical e profundo em duas frentes: por um lado com esta vontade de destruir as raízes cristãs e criar uma sociedade mais individualista e, por outro lado, também há uma tentativa de radicalização da população e impor à força um sistema islâmico fundamentalista, que tem como objetivo semear o terror e a violência e abusando do uso do nome de Deus e da religião com este objetivo".
As zonas do mundo onde se sente uma maior hostilidade são o Médio Oriente, África e Ásia.
Assim, "na Ásia temos dois países, o Paquistão e a Índia, por causa da pandemia, a minoria cristã foi ainda mais pressionada, mais discriminada durante este período".
Quanto a África, continua sendo um continente onde há também muita pressão sobre as comunidades cristãs, nomeadamente, Moçambique, onde o extremismo religioso e a presença de grupos radicais islâmicos muito violentos tem vindo a aumentar e a destruir esta coexistência pacífica que existia entre cristãos e muçulmanos nos últimos anos".
Depois, no Médio Oriente, "apesar de haver pequenos sinais de esperança, continua a ser uma situação muito dramática, continua a haver muitos cristãos que querem deixar a região, porque a situação económica e política não inspira confiança e não dá esperança, nem um futuro melhor. Mas há também sinais de esperança como na Planície do Nínive, em que cerca de metade das famílias cristãs que tiveram que abandonar as suas casas em 2014, já regressaram. Isso é também um sinal de esperança".
Referir que o próximo Relatório sobre Liberdade Religiosa da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre está previsto ser divulgado no mês de Abril.