O parlamento aprovou esta sexta-feira um voto de "total solidariedade com a Ucrânia e o povo ucraniano", apresentado pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e que contou com o voto contra do PCP, que decidiu apresentar o seu próprio voto em que condenava o "caminho de ingerência, violência e confrontação" entre Ucrânia e Rússia.
Na intervenção comunista, o deputado Bruno Dias indicou que Portugal não deve contribuir para o “agravamento do militarismo e da guerra”, procurando uma “solução pacífica” e trazendo à mesa o papel dos EUA na anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, e acusando o país de “instaurar um poder xenófobo e belicista” na Ucrânia.
“Condenamos todo um caminho de violência, ingerência e confrontação, o golpe de estado de 2014 promovido pelos EUA na Ucrânia, que instaurou um poder xenófobo e belicista e a recente intervenção militar da Rússia na Ucrânia”, disse Bruno Dias, numa intervenção que mereceu apupos e críticas por parte de algumas bancadas.
O primeiro foi André Ventura. “O senhor deputado fala em intervenção militar da Rússia. O que custa, ao fim de tanto tempo, falar em invasão da Rússia?”, questionou o deputado do Chega.
O segundo, Rui Rocha: “Aqueles que condenam veementemente a agressão da Rússia e aqueles que invocam a paz, mas tudo aquilo que querem é a cedência parcial ou total às pretensões de Vladimir Putin. Não é tudo a mesma coisa?”, respondeu depois o presidente da Iniciativa Liberal.
A declaração dos comunistas mereceu mesmo um comentário do próprio ministro dos negócios estrangeiros, João Gomes Cravinho.
“Esta recusa em olhar de frente para o que se passou ao longo deste ano é lamentável. É tão absurdo como caricato”, disse o governante.
No voto de solidariedade para com o povo ucraniano, todos os partidos e deputados únicos votaram a favor, à exceção do PCP. Já o voto do PCP foi "chumbado" por todos os outros partidos.
Os dois textos foram votados no dia em que se assinala um ano desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, e em que a Assembleia da República organizou um debate temático sobre a situação no país.
No voto, o parlamento lamentava "profundamente os muitos milhares de vítimas da guerra - vítimas mortais, pessoas feridas ou refugiadas - e a destruição de cidades, infraestruturas e bens" e saudava a Ucrânia e o seu presidente, Volodymyr Zelensky, "cuja ação heróica em defesa da liberdade e da soberania representa a defesa da paz e segurança na Europa e dos valores europeus".